
O governo do Estado decidiu trocar o comando da Polícia Penal, a antiga Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). O superintendente, Mateus Schwartz, estava no cargo desde janeiro de 2023, após ser nomeado pelo governador Eduardo Leite.
A Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS) confirmou a substituição. Por meio de nota, o secretário Luiz Henrique Viana informou que deu início na sexta-feira (7) às reuniões de transição na gestão da Polícia Penal.
O superintendente Schwartz transmitirá o cargo ao atual diretor da Cadeia Pública de Porto Alegre, Luciano Lindemann. Ainda segundo a nota, a nomeação será publicada no Diário Oficial do Estado na próxima semana.
Na manifestação, Viana destaca a relevância da atuação de Mateus Schwartz dos Anjos à frente da superintendência e agradece pelos serviços prestados.
— O trabalho desenvolvido pelo Mateus foi importante para o avanço da Polícia Penal no Rio Grande do Sul. Agradecemos sua atuação e desejamos sucesso nos próximos desafios — afirma Viana.
Lindemann está à frente da Cadeia Pública de Porto Alegre (CPPA), antigo Presídio Central, desde agosto de 2023, quando ocorreu a troca de comando do estabelecimento, da Brigada Militar para a Polícia Penal.
Sua história no sistema prisional gaúcho começou em 2007, quando ingressou como agente penitenciário na então Susepe. Como servidor penitenciário, Lindemann atuou na Penitenciária Modulada Estadual de Osório, no Departamento de Inteligência do órgão central, foi delegado da 1ª Delegacia Penitenciária Regional, com sede em Canoas.
Schwartz foi comunicado pelo secretário Viana na última quinta-feira (6) sobre a decisão.
— Respeito e acato tranquilamente essa decisão. Sou servidor concursado, fico honrado pelo convite que recebi e por todo esse tempo que estou à frente da Polícia Penal. Fizemos nosso melhor. Tivemos diversas circunstâncias e atuamos de forma incansável. Elevamos o sistema prisional gaúcho para outro patamar — disse Schwartz.
Natural de Pelotas, no sul do Estado, ele é agente penitenciário desde 2014. A categoria vinha pressionando o governo pela troca do comando desde o ano passado.
Histórico
O governo não detalhou as razões que levaram à mudança, mas alguns episódios nos últimos meses geraram críticas e até mesmo crise no sistema prisional gaúcho. Confira alguns deles:
Execução de líder de facção dentro da Pecan

Em novembro do ano passado, um preso foi morto com um disparo de arma de fogo dentro do Complexo Prisional de Canoas. Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, que era líder de uma facção, foi morto a tiros por integrantes de outra facção criminal.
O episódio causou crise no sistema prisional e levou ao afastamento de cinco servidores e, inclusive, do diretor da unidade onde aconteceu a morte. Até hoje, a Polícia Penal não informou o resultado da apuração sobre como a arma ingressou na penitenciária.
Uma das suspeitas elencadas na época era de que a pistola tenha sido entregue na unidade por meio de um drone.
Protesto de agentes
Em dezembro, agentes penitenciários realizaram protesto em Porto Alegre, reivindicando a mudança no comando da Polícia Penal. Foi realizada uma caminhada na Capital, na qual os policiais gritaram pedindo, inclusive, a saída do superintendente.
Os agentes reclamavam das condições de trabalho e da escassez de servidores para as casas prisionais. No mesmo dia, o governo do Estado autorizou o chamamento de 59 agentes. Atualmente, o efetivo da Polícia Penal é de seis mil servidores.
Resgate de preso em Quaraí

No fim de janeiro, dois policiais penais foram baleados durante o resgate de um preso em Quaraí, na Fronteira Oeste. No momento da ocorrência, os agentes levavam o preso para uma clínica médica, quando foram surpreendidos por indivíduos que chegaram em um carro atirando.
Os criminosos resgataram o apenado e fugiram do local. A polícia acabou capturando o preso que havia escapado. A prisão ocorreu na cidade uruguaia de Artigas. Além dele, outras pessoas suspeitas de envolvimento no resgate também foram presas na ação, que contou com a Polícia Civil, BM e a polícia do Uruguai.
Morte de presa em Guaíba

Um dos episódios mais recentes envolvendo o sistema prisional foi a morte de Deise Moura dos Anjos, em 13 de fevereiro, na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na Região Metropolitana.
A mulher era suspeita de ter matado quatro pessoas da mesma família com uso de arsênio — três delas após comerem um bolo envenenado, no Litoral Norte. O caso ganhou repercussão nacional.
Deise foi encontrada na cela com sinais de enforcamento. Segundo a Polícia Civil, ela tirou a própria vida. A defesa da presa disse que entendeu que houve falta de acompanhamento psicológico e criticou condições da penitenciária em Guaíba.