
O governo do Estado confirmou neste sábado (8) que irá trocar na próxima semana o comando da Polícia Penal, a antiga Superintendência dos Serviços Penais (Susepe). O superintendente, Mateus Schwartz dos Anjos, na gestão há pouco mais de dois anos, foi comunicado na última quinta-feira (6) sobre a decisão. O cargo será repassado ao atual diretor da Cadeia Pública de Porto Alegre, Luciano Lindemann.
A informação sobre a mudança foi repassada à Schwartz pelo secretário de Sistemas Penal e Socioeducativo, Luiz Henrique Viana. O governo vinha sofrendo pressão desde o ano passado, por parte da categoria penal, para fazer a troca no comando da instituição.
— Respeito e acato tranquilamente essa decisão. Sou servidor concursado, fico honrado pelo convite que recebi e por todo esse tempo que estou à frente da Polícia Penal. Fizemos nosso melhor. Tivemos diversas circunstâncias e atuamos de forma incansável. Elevamos o sistema prisional gaúcho para outro patamar — disse Schwartz.
Questionado sobre a pressão realizada pela categoria, que chegou a mobilizar um protesto em dezembro do ano passado, em Porto Alegre, reivindicando sua saída do cargo, o superintendente atribui isso às mudanças realizadas pela gestão. Os agentes reclamam das condições de trabalho e da escassez de servidores — atualmente há cerca de 6 mil.
— Houve uma mudança de paradigma institucional. Isso é reconhecido inclusive por outras instituições, o quanto a Polícia Penal evoluiu nesse período. Essas mudanças geraram algum desconforto. Claro que há sempre alguns descontentamentos — disse.
Schwartz citou ainda melhorias realizadas pela gestão com foco nos servidores, além da ordem de início para a construção de uma nova sede da Polícia Penal. O prédio será erguido no terreno junto ao Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), em Porto Alegre.
— Inauguramos a sede da corregedoria, ampliamos o atendimento de saúde aos servidores. Deixamos vários projetos em andamento, como a aquisição de R$ 12 milhões em uniformes para a Polícia Penal e mais de 60 viaturas cela para serem entregues no mês de março — apontou.
Episódios recentes, como a execução de um preso dentro da Penitenciária Estadual de Pecan (Pecan), em novembro do ano passado, o resgate de outro apenado em Quaraí, em janeiro, e a morte dentro da cadeia, em Guaíba, da mulher suspeita de ter assassinado quatro pessoas da família por envenenamento, geraram crise e críticas ao sistema penitenciário gaúcho.
— Hoje são 48 mil presos recolhidos no sistema prisional. Essas ocorrências acabam acontecendo e sempre lidamos da melhor forma possível. É um público que está privado do convívio social, então sempre existe essa possibilidade de momentos tensos, que nós trabalhamos para evitar e contornar. Já houve casos semelhantes em outros gestões e em outros governos. Em relação ao caso da Deise, por exemplo, essas intercorrências de suicídios possuem causas diversas — argumentou.
Schwartz elencou ainda melhorias realizadas no sistema prisional do RS em sua gestão, como a construção da Cadeia Pública de Porto Alegre, que substituiu o antigo Presídio Central, a instalação de um módulo de segurança na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), o fim da fila das tornozeleiras eletrônicas e a retomada da segurança das muralhas das casas prisionais, antes realizada pela BM.
— Contratamos sistema de bloqueador de celular, que está em funcionamento na Pasc (em Charqueadas), e será ampliado para outras unidades prisionais. Haverá a inauguração do novo Central, que já está pronto, em junho, após o fim do curso de formação de servidores. São muitos projetos que estão em andamento e agora passaremos para a nova gestão — afirmou.
Sobre o futuro de sua carreira, após deixar a superintendência, Schwartz disse que isso deve ser definido na próxima semana:
— Não sei quais projetos o governo tem para mim. Mas estou à disposição para o trabalho. Gosto do que eu faço. Sou um servidor de carreira da Polícia Penal.