A Operação Caçada, deflagrada pela Polícia Civil, revelou um esquema envolvendo crimes ambientais e comércio ilegal de armas na capital gaúcha. Conforme a 4ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (Dinarc), um homem é investigado por supostamente armazenar e distribuir armas de fogo para um grupo criminoso, além de ter envolvimento na caça ilegal de animais silvestres. O relatório final da investigação foi divulgado ela polícia nesta terça-feira (18).
As investigações tiveram início após denúncias anônimas que indicavam que o suspeito estaria comercializando armas e atuando como fornecedor para criminosos nos bairros Lami e Restinga, em Porto Alegre. As informações foram corroboradas por investigações policiais, levando ao deferimento de um mandado de busca e apreensão para os endereços ligados ao investigado.
A operação foi realizada no dia 16 de outubro de 2024 e resultou na apreensão de armas de fogo, munições, rádios comunicadores, um caderno com anotações financeiras e até um tatu empalhado. Durante a abordagem, o suspeito tentou fugir pela mata, abandonando um aparelho celular que posteriormente forneceu provas para a investigação.
— Esse indivíduo, junto de outras pessoas ainda não identificadas, praticava rotineiramente caçadas, sobretudo de tatus e capivaras, além da pesca de animais que, em tese, estão proibidas — afirmou o diretor da Dinarc, delegado Alencar Carraro.
Ainda segundo Carraro, o homem tem antecedentes criminais por roubo a comércio e porte ilegal de arma de fogo.
Crimes ambientais
A análise dos diálogos do investigado revelou a prática de caça ilegal e comércio de carne de animais silvestres. Em conversas de julho de 2022 e novembro de 2023, ele menciona o abate de tatus e a negociação de carne de capivara, inclusive destacando que havia vendido cerca de 200 kg de carne a um intermediário.
Além dos registros digitais, um tatu empalhado foi apreendido na residência do suspeito, reforçando os indícios de crimes contra a fauna. Ele alegou que encontrou o animal boiando após uma enchente, mas a polícia investiga se o exemplar foi caçado e posteriormente preservado.
— Temos uma grande quantidade de animais silvestres que foram caçados com a participação desse indivíduo, que foi responsabilizado. É uma prática recorrente, e os diálogos encontrados demonstram isso — destacou o delegado.
Comércio ilegal de armas
Além dos crimes ambientais, o investigado é suspeito de fornecer armamento para criminosos. Durante as buscas, a polícia encontrou um revólver calibre .22 com numeração raspada dentro de um veículo Toyota Corolla de propriedade do investigado, além de munições para espingarda calibre 12.
Segundo as denúncias recebidas, ele seria o responsável por distribuir armas na região, além de usar o veículo para transportar armamento. O suspeito negou envolvimento com o tráfico de drogas e afirmou que a arma apreendida teria sido encontrada em uma estrada há três anos.
Usura e lavagem de Dinheiro
Outro elemento central da investigação é a prática de empréstimos ilegais com juros abusivos, o que caracteriza o crime de usura pecuniária. No caderno apreendido, foram identificadas anotações detalhadas de empréstimos informais, incluindo valores e taxas de juros que ultrapassam os limites legais.
As investigações também apontam que o investigado utilizava a conta bancária de um familiar para movimentar dinheiro obtido com essas transações, o que levanta suspeitas de lavagem de dinheiro.
Depoimento e investigação
O suspeito compareceu voluntariamente à delegacia para prestar depoimento, acompanhado do advogado. Ele negou envolvimento com grupos criminosos, alegando que empresta dinheiro para conhecidos há mais de 10 anos. Sobre as armas e munições, justificou que a espingarda calibre 12 pertencia ao pai e que a balança apreendida era utilizada para pesar peixes.
A Polícia Civil continua analisando o conteúdo dos celulares apreendidos e encaminhou os materiais para perícia criminal. O veículo Corolla também será requisitado para uso provisório pelas forças de segurança enquanto durar a investigação.
O caso segue em andamento, e novas diligências podem ser realizadas para aprofundar as conexões do suspeito com atividades ilícitas.
*Produção: Leonardo Martins