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A Polícia Civil prendeu cinco pessoas suspeitas de tráfico de drogas na manhã desta quinta-feira (20), com atuação principalmente em Novo Hamburgo. A ação ocorreu durante a Operação Vindices, que mirou líderes da principal organização criminosa do Vale do Sinos. Dois foram presos por tentativas de homicídios e três por porte ilegal de arma de fogo.
Vindices é o termo em latim para "vingadores". O nome foi escolhido porque, de acordo com o delegado Gabriel Borges, responsável pelo caso, a investigação que levou à prisão dos suspeitos começou após uma tentativa de homicídio, que teria ocorrido como forma de punição a um dos membros do grupo por um suposto estupro.
Também foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Gravataí e Porto Alegre, em locais suspeitos de serem utilizados como esconderijos e pontos de armazenamento de armas e drogas.
Foram apreendidas quatro armas e R$ 80 mil em espécie. As armas foram encontradas em um fundo falso de um armário com brinquedos, em uma das casas onde um dos mandados foi cumprido.
Conforme o Diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, Delegado Mario Souza, as diligências seguiam em andamento ainda no final da tarde desta quinta-feira.
"Justiceiros"
A apuração começou após a tentativa de homicídio cometida pelo grupo contra um membro da própria organização, em março de 2024, na cidade de Novo Hamburgo. Dois autores foram presos em outubro do ano passado.
De acordo com a investigação, os mandantes e executores da tentativa de homicídio disseram que o alvo do ataque teria cometido estupro contra vulneráveis. O suposto crime sexual foi investigado por outra delegacia e o resultado não foi confirmado pela polícia.
Delegado Borges conta que este tipo de homicídio não é o mais comum entre as facções e, por isso, chama a atenção da polícia:
— Normalmente os assassinatos têm ligação com a guerra de facções, mas pontualmente vemos estes crimes onde a organização criminosa atua como um tribunal paralelo e pune envolvidos por comportamentos que não são bem vistos pelos criminosos — explicou o delegado, que cita exemplos de algumas destas condutas, além de crimes contra a dignidade sexual, como furtos e perturbações à comunidade por parte de usuários de drogas.
— São membros da facção que fazem de tudo. Roubam se for preciso, matam, traficam e, pontualmente, são ordenados a atuar como justiceiros, juízes paralelos — completou.
Durante a investigação pela tentativa de homicídio, os agentes constataram que um dos integrantes do ataque atuava como liderança da principal organização criminosa do Vale do Sinos. Ele estava preso e teria autorizado o homicídio. A identificação do líder levou à apuração da participação no crime de outras pessoas ligadas a ele, suspeitos por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
*Colaboração: Gabriel Dias e Camila Mendes