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O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou nesta segunda-feira (10), pelo crime de feminicídio, Alan Rodrigues da Silva, 26 anos, que matou a tiros a ex-companheira em frente a um hospital de São Francisco de Assis, na Fronteira Oeste.
Paola Muller, 32 anos, foi morta no dia 27 de janeiro deste ano. Ela foi atacada ao chegar em casa após o trabalho, de carona com um amigo, e foi surpreendida pelo ex, que atirou seis vezes contra ela.
O amigo de Paola, que conduzia a vítima justamente por questões de segurança, a levou ao hospital. No entanto, o homem perseguiu o carro e, na porta da emergência, disparou mais seis vezes contra a mulher, que não resistiu aos ferimentos.
Nas redes sociais, Silva publicou um texto admitindo o assassinato logo após o crime e alegando desespero pela perda da guarda do filho:
"Eu tentei da melhor forma, avisei, pedi, pedi e pedi mil vezes: por favor, não tirem meu filho de mim, ele é tudo que eu tenho, mas não adiantou. Foram lá e fizeram de tudo que é mentira pra me tirar ele", escreveu.
A denúncia
Segundo a denúncia, o crime foi motivado por questões de gênero em um contexto de violência doméstica e por motivo torpe. Além disso, foi considerado que o homicídio foi cometido na presença do filho da vítima, por meio de emboscada, gerando risco à integridade física ou à vida de outras pessoas.
De acordo com o Ministério Público, Paola foi assassinada porque o ex-companheiro estava descontente com uma decisão judicial de cinco dias antes do crime, que deu a guarda provisória do filho de seis anos para a mulher.
O homem também foi denunciado pela tentativa de homicídio qualificado contra o amigo da mulher que a levava até o hospital. Esse segundo crime foi cometido com recurso que dificultou a defesa da vítima e mediante surpresa.
Também consta na denúncia o fato de Silva ter descumprido medidas protetivas de urgência, que haviam sido concedida dias antes do crime.
O MPRS também menciona ameaças feitas contra a mãe de Paola após o primeiro ataque. O filho do casal, que presenciou toda a cena, correu até a casa da avó materna para avisar que a mãe havia sido ferida.
Segundo a polícia, Silva foi até a casa da ex-sogra, de 63 anos, e disse: "Só não te mato agora, porque tu está com o meu filho". Após a ameaça, Silva foi até a sua casa pegar mais munição e, em seguida, se dirigiu ao hospital para descarregar a arma novamente.
O MPRS pediu ainda reparação mínima de danos causados ao filho da vítima, no valor de R$ 100 mil, além de mais R$ 10 mil para cada uma das outras vítimas, o amigo e a mãe de Paola.
Caso acendeu alerta
De acordo com a promotora de Justiça da comarca de São Francisco de Assis, Carolina Reinheimer, providências foram adotadas para coibir feminicídios e demais crimes contra a mulher que tenham como motivação questões de gênero.
Segundo ela, um deles é buscar adesão ao Projeto Fale com Elas, que promove a aproximação com as vítimas na região de São Francisco de Assis a fim de possibilitar esclarecimentos sobre os direitos das mulheres.
Também foram realizadas reuniões com o Poder Judiciário, com a Polícia Civil e com a Brigada Militar para ajustar questões práticas para inclusão dos réus no Programa de Monitoramento do Agressor e ainda para dar mais efetividade às medidas protetivas.
“Posso afirmar com convicção que esse crime mostra o que há de pior na sociedade, considerando a existência de algumas manifestações em postagens nas redes sociais defendendo a prática do feminicídio, o que não pode ser de maneira nenhuma admitido”, diz Carolina Reinheimer, em nota do MPRS.
A reportagem não localizou a defesa de Alan Rodrigues da Silva. O espaço está aberto para manifestações.