
O Instituto-Geral de Perícias concluiu que os alimentos e itens levados por Deise Moura dos Anjos à sogra Zeli dos Anjos, que estava internada no hospital, não possuíam nenhuma quantidade de veneno.
Deise é suspeita de envenenar com arsênio quatro pessoas da família do marido, incluindo a sogra. Ela ficou internada durante 19 dias após ingerir bolo envenenado. Foi durante esse período que a nora levou os itens para a sogra.
A polícia já trabalhava com a hipótese de que os objetos e alimentos não continham veneno, uma vez que foram comprados pouco antes da visita, enquanto Deise se dirigia ao hospital. Para a investigação, a atitude seria uma forma de dissimulação, e não de provocar novo envenenamento.
Nos novos laudos, também foi confirmada a presença de arsênio na urina do marido e do filho de Deise. O fato já havia sido constatado em exames prévios, e indica tentativas de envenenamento.
No último dia 4, Deise foi encaminhada para depoimento na delegacia de polícia de Torres e exerceu o direito constitucional de permanecer em silêncio, não respondendo aos questionamentos do delegado Marcos Vinícius Veloso. O advogado dela, Cassyus Pontes, acompanhou o depoimento.
Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde na antevéspera do Natal de 2024, quando seis começaram a passar mal após consumirem pedaços de um bolo. Um deles não ingeriu o doce. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal, e levou para Torres, também foi hospitalizada.
Três mulheres morreram em intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada "choque pós-intoxicação alimentar".
A prisão de Deise Moura dos Anjos
Deise é casada com Diego Silva dos Anjos, filho de Zeli, e morava em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ela estava presa temporariamente desde 5 de janeiro.
Deise é suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Ela está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres.
Exumação do corpo de Paulo
Após suspeitas, a polícia solicitou a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise. Paulo faleceu em setembro de 2024, sob suspeita de uma infecção intestinal, após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele por Deise.
A perícia do IGP confirmou que ele foi envenenado com arsênio, e os níveis encontrados no corpo eram letais, caracterizando envenenamento por ingestão oral.
Compra do arsênio pela internet
A polícia confirmou que Deise comprou arsênio quatro vezes em um período de quatro meses. Uma das compras ocorreu antes da morte do sogro — que faleceu por envenenamento — e as outras três, antes da morte de três pessoas que consumiram o bolo envenenado, em dezembro. O veneno teria sido recebido pelos Correios. O documento estava salvo no celular da suspeita, apreendido durante a investigação.
— A gente não tem dúvida de que se trata de uma pessoa que praticava homicídios e tentativas de homicídios em série, e que, durante muito tempo, não foi descoberta, e, durante muito tempo, tentou apagar provas que pudessem levar à atribuição de culpa a ela — afirmou a delegada regional do Litoral Norte do RS, Sabrina Deffente.
Contaminação da farinha
A investigação aponta que a farinha do bolo pode ter sido contaminada quase um mês antes do episódio fatal. De acordo com o delegado Marcos Vinícius Veloso, Deise esteve em Arroio do Sal no dia 20 de novembro, o que pode ter sido o momento em que o veneno foi adicionado à farinha usada no bolo consumido em Torres.
— As informações que nós temos no inquérito policial são de que a investigada esteve na cidade de Arroio do Sal, na última vez, no dia 20 de novembro. E, pelas informações que já foram coletadas do inquérito, nesta data, a Polícia Civil acredita que possa ter ocorrido o envenenamento da farinha que foi utilizada no bolo que foi consumido na cidade de Torres —afirmou o delegado.
Suspeita é encontrada morta na cadeia
Deise foi encontrada morta na manhã do dia 13 de fevereiro na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.
A informação foi confirmada pelo chefe de Polícia, Fernando Sodré.
— Ela tinha sinais de enforcamento. Vamos apurar as circunstâncias agora — afirma Sodré.
Em entrevista ao Timeline, da Rádio Gaúcha, o chefe de polícia informou que provavelmente ela tenha usado roupas para o enforcamento.
Segundo nota da Polícia Penal, Deise foi encontrada nesta manhã, "durante a conferência matinal na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba".
De acordo com a Polícia Penal, ela estava sozinha na cela.
Conforme a Polícia Penal, os servidores prestaram os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), que constatou a morte.
Segundo o Samu, a morte ocorreu "por asfixia mecânica autoinfligida".
Inicialmente, Deise estava detida em Torres, mas foi transferida no dia 6 de fevereiro, para Guaíba. De acordo com Sodré, a opção de encaminhá-la para o município da Região Metropolitana foi por questão de segurança.
Em Torres, a prisão é mista, com uma ala feminina, enquanto em Guaíba a penitenciária é exclusivamente para mulheres.
Nota da Polícia Penal
"A Polícia Penal informa que, durante a conferência matinal na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, a presa Deise Moura dos Anjos foi encontrada sem sinais vitais.
Imediatamente, os servidores prestaram os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência que, ao chegar no local, constatou o óbito.
Deise estava sozinha na cela. As circunstâncias serão apuradas pela Polícia Civil e pelo Instituto-Geral de Perícias"