
O Rio Grande do Sul terminou o primeiro mês de 2025 com queda nos homicídios, feminicídios e latrocínios. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (6) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Os homicídios reduziram 44,7%, passando de 190 casos, em janeiro de 2024, para 105.
Os crimes de feminicídio caíram 16,6%, com 10 ocorrências no primeiro mês do ano. Em 2024, haviam sido 12.
Foram três casos de latrocínios — roubos com morte — ante seis no mesmo período do ano passado, o que representa queda de 50%.
Um dos roubos com morte que aconteceram no mês de janeiro envolve um vereador de Estrela, no Vale do Taquari. Gerson Adriano da Silva, 52 anos, o Gersinho, havia desaparecido em 18 de janeiro e foi encontrado sem vida no dia 24, em Alvorada, na Grande Porto Alegre, com sinais de violência — o cadáver apresentava marcas de estrangulamento e perfurações.
De acordo com a investigação, o político foi atraído para uma emboscada.
— Ele foi atraído por essa pessoa para um local próximo a um bar, perto do Itapema Park, em Alvorada, e foi abordado por três homens, sendo vitimado. Foi atraído para uma situação que achava que era uma coisa e se transformou num latrocínio — detalhou o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, em entrevista coletiva no dia 30 de janeiro.
Roubos a pedestres
Segundo a SSP, o motivo para a queda nos latrocínios está relacionada ao combate aos crimes de roubo a pedestre e de veículos.
No caso de roubo a pedestre, foi a primeira vez que o número ficou abaixo de 1 mil, considerando a série histórica. Haviam sido mais de 1,5 mil em janeiro do ano passado, enquanto no último mês foram 978 ocorrências — o que representa queda de 37%.
Já em relação aos roubos de veículos, as estatísticas mostram uma queda de 35%, passando de 269 ocorrências para 175.
Estratégias
De acordo com o secretário de Segurança Pública do RS, Sandro Caron, os maiores índices de crimes violentos comumente são registrados nos meses de verão. Por isso, a queda dos indicadores em janeiro reflete o sucesso das estratégias adotadas pelo governo no combate à criminalidade.
Ele pontua que uma das medidas que resultaram nos números foi o aumento do efetivo da segurança realizado no ano passado, que possibilitou o remanejamento de agentes para a Operação Verão sem deixar cidades desguarnecidas ou prejudicar operações policiais.
— Quando eu assumi, apesar dos indicadores positivos, achei que ainda tinha um espaço grande para diminuirmos os indicadores de Porto Alegre. A redução dos latrocínios é justamente uma consequência das operações de combate aos roubos de veículos e de pedestres — sublinha.
Caron também destaca que neste ano o protocolo das sete medidas para combater os homicídios, implementado inicialmente em Porto Alegre, deve ser estendido para o resto do Estado. Segundo ele, a implantação deve começar pelos 23 municípios atendidos pelo programa RS Seguro.
— O foco é o combate ao crime organizado e o tráfico de drogas. Cada ação está encaixada em um planejamento maior. Toda estratégia que tem sucesso aqui deve ser estendida para o restante do Estado — diz o secretário.
Trabalho integrado
O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP,) delegado Mario Souza, comenta que a queda nos assassinatos se deve ao trabalho integrado de todos os órgãos de segurança, com destaque para a Polícia Civil, a Brigada Militar e a Polícia Penal.
Ele pontua que a queda expressiva dos homicídios na Região Metropolitana ajuda a manter o indicador estadual em declínio. Salienta ainda que, nos últimos dois anos, as sete cidades que tinham mais registros de assassinatos apresentaram quedas expressivas — Gravataí, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Viamão, Canoas, Alvorada e Porto Alegre.
Deste grupo, Gravataí, São Leopoldo e Novo Hamburgo vêm se mantendo dentro do parâmetro de segurança estipulado pela Organização das Nações Unidas (ONU), de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes por ano.
— Porto Alegre, por exemplo, precisaria atingir 140 homicídios por ano para ficar dentro desse parâmetro, e a Capital teve 162 homicídios, cerca de 12 para 100 habitantes, muito próximo do que prevê a ONU — explica o delegado.
Souza reitera que o resultado é reflexo da implementação do protocolo de sete medidas de enfrentamento aos crimes contra vida.
— Dentro dessas sete medidas, sempre destaco a responsabilização dos mandantes e executores dos homicídios; operações para asfixiar as facções e esquemas de lavagem de dinheiro, além de operações de saturação de área, que causa um baque no comercio de drogas. Queremos que cada morte promovida por uma facção represente uma grande perda para o grupo criminoso, seja com prisões ou apreensões de armas e dinheiro — frisa.
Mais policiais nas ruas
Para o comandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Cláudio dos Santos Feoli, o trabalho de análise da corporação ajuda a colocar o policial militar no local de maior incidência da criminalidade. Ele ressalta que a BM colocou mais policiais nas ruas desde a formatura de quase 400 agentes em novembro do ano passado.
— Essa presença ampliada fez com que as nossas abordagens se multiplicassem. Só no mês de janeiro, tivemos 472 armas apreendidas no Estado pela BM — exemplifica.
O comandante também destaca os desafios enfrentados pela corporação para o combate ao tráfico de drogas desde a entrada em vigor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.
— Esse mercado da traficância é o que aumenta a quantidade de armas que temos nas ruas, que se reproduz em eventuais homicídios — diz Feoli.
Veja alguns dados da BM em janeiro de 2025
- Abordagens: 367.296
- Prisões: 8.782
- Foragidos recapturados: 776
- Armas de fogo apreendidas: 472
- Facas recolhidas: 507