Minutos depois de descarregar uma arma de calibre 38 na ex-companheira, em frente ao filho de seis anos, Alan Rodrigues da Silva, 26 anos, foi até a casa da ex-sogra, de 63 anos, segundo a polícia, avisar: "Só não te mato agora, porque tu está com o meu filho". O menino, que viu toda a cena, teria corrido até a casa da avó materna para anunciar que o pai havia tentado assassinar a mãe, Paola Muller, 32 anos, a tiros, na segunda-feira (27).
O caso em São Francisco de Assis, na Fronteira Oeste, aconteceu quando a vítima chegava em casa após o expediente em uma farmácia. O motivo, conforme a Polícia Civil, seria o descontentamento de Silva com a perda da batalha judicial pela guarda do filho. O suspeito foi preso em flagrante.
A ameaça contra a mãe da vítima não teria sido a primeira, conforme depoimento da idosa. A mulher, que não teve o nome divulgado, relatou à polícia que, nas semanas que antecederam o feminicídio da filha, ela vinha recebendo ameaças de agressão e de morte por parte de Silva. Os contatos teriam acontecido pessoalmente e pelas redes sociais.
— É possível que, se ela estivesse sozinha, poderia também ter sido morta por ele. Nas palavras dele, ele só não a matou porque ela estava com o seu filho no braço, de mãos dadas — acrescenta o delegado Marcelo Batista.
A idosa, que se encontra sensibilizada, também perdeu outra filha, há cinco anos, por feminicídio.
Crueldade e frieza
Após ameaçar a mãe da vítima e ex-sogra, na segunda-feira, o suspeito recarregou a arma e, de moto, seguiu caminho até o hospital onde a vítima, após ser socorrida por vizinhos, teria sido encaminhada para receber cuidados médicos e tentar sobreviver ao primeiro ataque.
Na porta da instituição, ele descarregou novamente a arma contra a ex-companheira, efetuando mais seis disparos. Paola não conseguiu sobreviver ao segundo ataque, e o homem foi preso em flagrante. Na terça-feira, conforme a Polícia Civil, a prisão passou a ser preventiva.
Para o delegado, que desde segunda vem conversando com testemunhas, o caso se caracteriza pela frieza do agressor, que mesmo após efetuar todos os disparos possíveis da arma contra a vítima — o que já havia a deixado em estado grave —, buscou recarregar a arma e perseguir a ex-parceira até o hospital para garantir sua morte.
— O crime nos chamou a atenção, especialmente pela velocidade do disparo e o índice de acerto. Ele tinha curso de vigilante, tinha curso de arma, sabia atirar. É um crime diferente, que choca a todos, especialmente pela vontade de matar e pela crueldade, pela frieza de executar na frente do filho dele — frisou o delegado.
Investigação
A investigação policial constatou que o crime teria sido premeditado. O motivo seria o descontentamento de Silva com a perda da batalha judicial pela guarda do filho de seis anos dos dois.
A decisão saiu em 22 de janeiro. Conforme a polícia, naquela noite, Silva foi até a casa de Paola, onde forçou a porta e quebrou o vidro. Ela fez um boletim de ocorrência e foi pedida a medida protetiva de emergência, que foi concedida na quinta-feira (23).
Nas redes sociais, Silva publicou um texto admitindo o assassinato e alegando desespero pela perda da guarda do filho: "Eu tentei da melhor forma, avisei, pedi, pedi e pedi mil vezes: por favor, não tirem meu filho de mim, ele é tudo que eu tenho, mas não adiantou. Foram lá e fizeram de tudo que é mentira pra me tirar ele", escreveu.
Conforme o delegado, o inquérito deve ser encerrado em até 10 dias. Além das ameaças relatadas e da morte de Paola, a polícia investiga agora as imagens que flagraram os disparos efetuados pelo suspeito. O objetivo é verificar se não houve uma tentativa de homicídio em relação aos vizinhos que estavam socorrendo a vítima.