Em coletiva de imprensa realizada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) na manhã desta sexta-feira (10), foram reveladas mensagens enviadas por Deise Moura dos Anjos, suspeita de ter envenenado um bolo que matou três pessoas após o consumo em Torres.
As mensagens foram direcionadas à sogra, Zeli Teresinha Silva dos Anjos, e tinham o intuito de evitar investigações sobre a morte de Paulo Luiz dos Anjos, marido de Zeli. O corpo de Paulo foi exumado e constatou-se a presença de arsênio, o mesmo veneno encontrado no sangue das vítimas da sobremesa preparada no Natal.
O consumo do bolo resultou na morte de duas irmãs e da sobrinha de Zeli, além de hospitalizar a própria Zeli e uma criança de 10 anos, filho e neto de duas das vítimas.
Em uma mensagem enviada a uma pessoa com quem mantinha relacionamento, Deise escreveu: "Se eu morrer, cuide do meu filho e reze bastante por mim, pois é bem provável que eu não vá para o paraíso."
Em outra mensagem, enviada a Zeli, referindo-se às investigações sobre a morte de Paulo, Deise afirmou: "Acho que precisamos rezar mais, aceitar mais e não procurar culpados onde não há. Só os momentos que Deus nos reserva, isso sim, não têm volta. Nem polícia, nem perícia podem nos ajudar a desvendar."
Paulo morreu em setembro, após consumir bananas e leite em pó, alimentos levados à sua casa, em Arroio do Sal, pela nora Deise, que está presa sob suspeita de ter usado a mesma substância para envenenar o bolo de Natal.
Adiante, ela afirmou: "Não sei, acho que eu não faria nada, pois poderia ter sido várias coisas: intoxicação alimentar, negligência médica, a banana contaminada pela enchente, ou simplesmente a hora dele... Sei lá."
Deise e o marido visitaram Paulo e Zeli em 31 de agosto. Depois de consumirem banana e leite em pó, o casal passou mal e foi hospitalizado. Paulo acabou morrendo, apresentando crises de vômito, diarreia e sangramentos estomacais, sintomas inicialmente interpretados como sinais de intoxicação alimentar.
Após a morte das duas irmãs de Zeli e de sua sobrinha, a polícia passou a investigar as circunstâncias da morte de Paulo, que, na época, não havia levantado suspeitas e não foi investigada. A própria Zeli passou a ser considerada suspeita. A polícia começou a desconfiar de Deise após relatos de testemunhas indicando que ela e os sogros tinham uma relação conturbada há 20 anos.
Contraponto
A defesa de Deise afirma que "as declarações divulgadas na coletiva de imprensa ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso", portanto "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação".
Nota da defesa na íntegra
"O escritório Cassyus Pontes Advocacia representa a defesa de Deise Moura dos Anjos no inquérito em andamento sobre o fato do Bolo, na Comarca de Torres, tendo sido decretada no domingo a prisão temporária da investigada.
Todavia, até o momento, mesmo com o pedido da Defesa deferido pelo judiciário, ainda não houve o acesso ao inquérito judicial.
A família, desde o início, colabora da investigação, inclusive o com depoimento de Deise em delegacia, anterior ao decreto prisional.
Cumpre salientar, que as prisões temporárias possuem caráter investigativo, de coleta de provas, logo ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso, os quais não foram definidos ou esclarecidos no inquérito."