
O adolescente de 17 anos suspeito da morte do policial civil Daniel Abreu Mendes, 40, na manhã desta terça-feira (21), já havia sido detido por outro ato infracional análogo a homicídio, cometido contra uma adolescente em 2023. Chefe da Polícia Civil no Rio Grande do Sul, o delegado Fernando Sodré confirmou a informação à Rádio Gaúcha.
— O que nos perturba um pouco e nos deixa realmente, de certa forma, não vou dizer indignados, mas assim, reflexivos, é que esse adolescente já havia sido internado por um homicídio um tempo atrás. Ficou 45 dias numa internação provisória, depois ficou internado mais alguns dias a pedido da Polícia Civil porque foi apreendido com uma arma — revelou em entrevista ao repórter Vítor Rosa, durante o Chamada Geral desta terça-feira.
Conforme o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), o adolescente entrou em internação provisória em 16 de abril do ano passado, suspeito da morte de uma adolescente em Butiá. Em 13 de maio, ele foi libertado porque o Ministério Público não havia oferecido representação dentro do prazo estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A enchente de maio também provocou a suspensão das audiências. Em agosto, o MP apresentou a representação. Esse processo segue tramitando e ainda aguarda a realização da primeira audiência.
Em julho, ele foi detido uma segunda vez com uma arma de fogo, quando teria ameaçado matar "indivíduos contrários". De acordo com o TJRS, neste caso, o adolescente foi responsabilizado, ingressando na Fase em 25 de julho para ficar internado.
Em 5 de dezembro, houve uma audiência para avaliar o cumprimento das medidas. Segundo o TJRS, a juíza responsável manifestou que considerava prematura a liberação do adolescente, mas o MP e a equipe técnica opinaram pela progressão do regime.
Relatórios apontaram que ele tinha postura colaborativa e bom relacionamento com a família. A medida escolhida, em dezembro, foi a liberdade assistida. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que, quando um menor infrator entra na liberdade assistida, haja um monitoramento do caso por seis meses.
Ou seja, pelo prazo, o adolescente ainda estaria sendo monitorado até esta terça, quando foi novamente apreendido pela morte do policial. Conforme a polícia, o suspeito estaria envolvido com o tráfico de drogas e o conflito entre facções na região.
Entenda o caso
Daniel Abreu Mendes, 40 anos, morreu na manhã desta terça-feira (21) durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em Butiá.
Segundo informações do chefe de Polícia Civil do RS, delegado Fernando Sodré, um dos alvos da ordem judicial era uma mulher de 26 anos investigada por tráfico de drogas. Ao chegar no local para cumprir o mandado, houve reação por parte de um morador da casa, que disparou contra o policial.
O escrivão chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Segundo a Polícia Civil, o agente estava com colete à prova de balas, mas foi atingido pelo tiro na lateral, onde não há proteção. Ele também foi baleado no pescoço.
Conforme Sodré, uma criança de apenas seis anos, filha da suspeita, estava no local no momento do crime. Ela foi atingida de raspão na cabeça, mas passa bem.
Segundo o delegado regional de São Jerônimo, Nedson Ramos, os disparos foram efetuados por um adolescente de 17 anos, que seria companheiro da mulher que era alvo da operação.
— Era uma casa com sala, cozinha e quarto. Daniel foi o primeiro a entrar no quarto. Quando entrou na porta, o rapaz já baleou ele — explicou Ramos.
A mulher foi presa em flagrante. O adolescente apontado como atirador foi apreendido.