A Polícia Civil divulgou nesta quarta-feira (9) que um empreiteiro paulista foi detido por suspeita de manter seis trabalhadores em situação análoga à escravidão: uma gaúcha de Novo Hamburgo, além de outras quatro pessoas de Minas Gerais, Bahia e Pará. O homem foi preso na terça-feira (8) no bairro Ipê, em Guaíba, na Região Metropolitana.
Um inquérito foi instaurado após advogado acionado por uma das vítimas e o Ministério Público do Trabalho (MPT) entrarem em contato com a equipe da delegada Karoline Calegari, responsável pelo caso. Ao realizar uma abordagem no local onde estavam as pessoas, os agentes constataram suposta ameaça que elas recebiam, mas, principalmente um alojamento precário.
Conforme apuração, havia apenas três colchões e o chuveiro estava com defeito. Não havia cama para todos também e as vítimas relataram que tomavam banho gelado, além de estarem passando frio no local. Também foi constatado que as pessoas não tinham condições financeiras para sair da situação em que se encontravam, com quase nenhum contato externo.
— Muitas vezes, a comida que recebiam era fria, estragada, com cabelos, com plástico no meio do alimento, ou seja, indicava até que restos eram encaminhados para eles. Além desta situação degradante, havia as ameaças — diz a delegada.
Karoline ressalta que outras duas pessoas também estavam no alojamento, totalizando oito. Uma delas conseguiu fugir depois que procurou ajuda na comunidade local. Outra, que reclamou da situação em que se encontrava, foi ameaçada e expulsa da área utilizada pela empreiteira.
A delegada diz que o suspeito contratou uma empresa de vigilância para monitorar as vítimas. Segundo relatos, as portas do alojamento não poderiam ser trancadas à noite e qualquer movimento dos trabalhadores era interceptado por seis seguranças.
O próximo passo da investigação é ouvir o empreiteiro de São Paulo que já se encontra no sistema prisional gaúcho. Ele havia acionado os trabalhadores para realizar uma obra em Guaíba e, com a demora para iniciar o serviço, passou a vigiar as vítimas. Por isso, o responsável pela empresa, os seguranças e uma mulher que fazia a comida para os resgatados foram intimados para depoimento nesta semana.
Karoline lembra que os trabalhadores foram atraídos por promessas que não foram concretizadas, como por exemplo, carteira assinada, café, almoço, janta, alojamento em boas condições e pagamento de R$ 3 por metro quadrado de bloco construído. A investigação continua e os nomes dos envolvidos não foram divulgados. Os trabalhadores estão recebendo apoio do serviço de assistência social de Guaíba e do MPT.