A Polícia Civil investiga três casos de vítimas que foram agredidas e roubadas em Porto Alegre após marcarem encontros por um aplicativo de relacionamento direcionado para a comunidade LGBT+. A ação é cometida por um dupla de criminosos. Quando chegam na casa das vítimas, ele anunciam o assalto, cometem agressões e, depois, fogem. Os casos são investigados pela Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância da Capital.
No caso mais recente, registrado na última quinta-feira (6), um homem afirma ter sido agredido e roubado pela dupla dentro da sua casa. Segundo ele, os criminosos fizeram um perfil no aplicativo e se passaram por pessoas interessadas em um encontro. Após troca de mensagens e fotos, eles marcaram de se ver na casa da vítima.
Segundo a delegada Andrea Mattos, câmera de segurança registrou o momento que os criminosos chegam ao local. Eles estavam de máscara — as usadas durante a pandemia. A ação durou pouco menos de uma hora e aconteceu por volta das 20h.
— Eles chegaram na casa, tomaram cerveja. Quando estavam indo para o quarto, a vítima recebeu uma coronhada na nuca. Eles anunciaram o assalto e, na tentativa de pedir ajuda, a vítima começou a gritar. Ela foi amarrada na cama, amordaçada, levou socos e outras agressões. Ficou muita machucada — diz a delegada.
Depois, os criminosos obrigaram o homem a informar a senha do aplicativo do banco e fizeram um pix do valor que estava na conta — R$ 10,4 mil. Eles também roubaram cerca de mil reais em espécie, que estava na casa, e uma caixa de som.
Segundo a polícia, pelo menos um dos homens estava armado. Antes de sair do apartamento, eles deixaram uma tesoura perto da vítima, para que ela pudesse se soltar.
Os homens teriam chegado e saído do local utilizando um carro de transporte por aplicativo. A polícia aguarda informações tanto dessa empresa quanto do app de encontros. Uma perícia foi feita no apartamento, para verificar se há digitais que ajudem a chegar a identificação dos criminosos.
Segundo a delegada, os três casos que já são de conhecimento da polícia são semelhantes: todas as vítimas são homens e as ações são sempre marcadas pelo aplicativo e realizadas em dupla. Todos os crimes ocorreram neste mês, em Porto Alegre. Conforme Andrea, os criminosos levaram valores semelhante de cada vítima, deixando um prejuízo total de cerca de R$ 30 mil, além de eletrônicos levados das casas.
A delegada afirma que a dupla tem como alvo a comunidade LGBT+ e faz xingamentos homofóbicos durante a ação:
— Esse tipo de aplicativo, independente de ser voltado ao público LGBT+ ou não, já traz uma facilidade de encontrar pessoas desconhecidas. Mas também identificamos que há uma questão de intolerância, porque a vítima (do caso da última quinta-feira) relata ter sido xingada por sua orientação sexual. Então a questão do roubo está aliada, possivelmente, a do preconceito.
Polícia acredita que existam mais vítimas
A delegada acredita que a dupla tenha feito mais vítimas, que ainda não procuraram a polícia. Andrea pede que pessoas que passaram pela mesma ação ou que tenham informações sobre a dupla entrem em contato com as equipes.
— Desde que o caso foi divulgado, outros dois homens procuraram a polícia. Eles não querem se identificar nem registrar ocorrência. Acreditamos que existam ainda mais vítimas, que não nos procuraram por vergonha ou medo. A gente pede que as pessoas façam a denúncia, para nos ajudar a entender quantas pessoas estão por trás disso, quem são e também a responsabilizá-las. O sigilo das vítimas vai ser mantido.
Denúncias podem ser feitas, de forma anônima, por meio do WhatsApp da delegacia, pelo (51) 98595-5034.