O depoimento do artista Seu Jorge e de outros músicos que o acompanhavam em show no Grêmio Náutico União (GNU), em Porto Alegre, deverá ser realizado no início de novembro. As manifestações deverão ser feitas por vídeo, método corriqueiramente utilizado pela Polícia Civil, e a data exata ainda está sendo discutida com a equipe do músico. Ele falará na condição de vítima.
Na semana que se inicia nesta segunda-feira (24), a delegada Andrea Mattos, titular do caso, decidiu que irá priorizar a tomada de depoimentos de novas testemunhas e pessoas que trabalharam na organização do evento. Ela diz que várias manifestações estão agendadas.
Inquérito da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância apura se houve crime de racismo contra o cantor durante apresentação no clube em 14 de outubro. A delegada Andrea identificou em vídeos já recolhidos para apuração que pessoas não identificadas até o momento proferiram a palavra “macaco” e fizeram sons imitando o animal, em ofensa ao artista.
Vídeos de momentos em que teriam ocorrido as ofensas foram enviados ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) com a intenção de melhorar a qualidade dos áudios e deixar esclarecido quais as ofensas raciais foram efetivamente dirigidas ao músico.
- Com relação à materialidade, está se desenhando no sentido de que houve, sim, racismo. A grande questão, uma dificuldade que vamos encontrar, é para identificar o autor ou os autores dessas falas racistas. O inquérito foi recém-instaurado, não tem nem uma semana, e prefiro instruir bem o procedimento, mesmo que demore mais um pouco, do que ter pressa para concluir e fazer de qualquer jeito. É muito importante a questão da materialidade - afirma a delegada Andrea.
Em 14 de outubro, uma sexta-feira, Seu Jorge fazia show para marcar a reinauguração de um salão no GNU. A festa foi acompanhada de um jantar. A tensão teria se iniciado quando o músico apresentou no palco um jovem tocador de cavaco, Pedrinho da Serrinha, com alertas sobre a dificuldade de ser negro no Brasil.