Começou por volta das 10h desta terça-feira (30) o júri de um policial militar da reserva catarinense acusado de matar o filho recém-nascido, e mais quatro pessoas da mesma família numa casa no bairro Jardim Itú-Sabará, na zona norte de Porto Alegre, em 2016. Ronaldo dos Santos, 58 anos, está preso desde 2021 e nega que tenha cometido o crime.
O julgamento ocorre no plenário da 4ª Vara do Júri do Foro Central e é presidido pela juíza Cristiane Busatto Zardo. Além do interrogatório do réu, cinco testemunhas de defesa ainda devem ser ouvidos.
A chacina foi descoberta uma semana após o crime, quando os corpos já estavam em estado avançado de decomposição. Lourdes Felipe, 64 anos, os filhos dela Walmyr Felipe Figueiró, 29, e Luciane Felipe Figueiró, 32, e os netos João Pedro Figueiró, cinco anos, e Miguel, de um mês, foram assassinados dentro de casa. O motivo do crime, segundo a acusação do Ministério Público (MP), seria o bebê, um filho indesejado que o réu teve com Luciane, com quem ele manteria relação extraconjugal.
O primeiro a depor foi o policial militar Daniel dos Santos Fagundes, que atendeu a ocorrência na época. Disse que foi ao local, porque vizinhos chamaram a polícia por sentir falta das crianças. Disse que precisou derrubar a porta, porque ninguém respondia. Ele narrou como encontrou os corpos.
— Tinha uma criança no corredor e os outros corpos estavam dentro de um quarto. Os corpos estavam em fase avançada de decomposição — contou a testemunha.
Segundo Fagundes, uma vizinha teria dito informalmente a ele que alguém da casa teria envolvimento com drogas. Daniel afirmou que conheceu Ronaldo no Presídio Militar, em Porto Alegre. As outros quatro testemunhas foram dispensadas.
Logo depois começou o interrogatório do réu. Ronaldo disse que conheceu Luciane em Santa Catarina. Ele deu sua versão de como era o relacionamento dos dois — ela morava em Porto Alegre e ele, em Santa Catarina.
Segundo ele, foi informado por uma conhecida que uma mulher estava grávida de um filho dele. O PM afirmou que viajou para Porto Alegre para tentar esclarecer os fatos e que tentou achar uma clínica para fazer o teste de paternidade, mas que teria desistido por não ter encontrado alguma aberta na Capital. Ele afirmou ainda que, por esse motivo, foram a Tubarão fazer o teste. Foi neste município que o menino nasceu.
Ele disse ainda que no nascimento do filho ainda não sabia se era ou não pai da criança e alegou que, mesmo assim, deu ajuda financeira a Luciane. Disse que depois foi feito exame de DNA que confirmou que o filho era dele. Em depoimento, ele ainda negou ter matado a família.
— Eu não matei nem mandei matar ninguém — disse Ronaldo, ao ser questionado pelo seu advogado.