Morto em um ataque no bairro Três Figueiras, na manhã de segunda-feira (13), Diego de Carvalho Fontinel, 32 anos, conhecido como Alemão da Praia, era líder de uma quadrilha criada com o irmão em Canoas, na Região Metropolitana, e tinha condenações que ultrapassavam os 30 anos de prisão. O homem chegava ao local onde faria um procedimento de saúde, mas foi baleado poucos antes de ingressar no prédio e morreu no local.
Natural de Canoas, Fontinel havia sido condenado pela Justiça, em 2013, por tentativa de homicídio qualificado. Em 2017, ele foi novamente sentenciado por organização criminosa, receptação, posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e posse de artefato explosivo. O processo diz respeito a ataques a agências bancárias e a carros fortes na região norte do Estado, em que Fontinel teria fornecido armamento e participado das ações. A pena total do homem chegava a 33 anos e 10 meses de prisão.
Na sentença que se refere a ataques a bancos, foi condenado também o irmão do homem, Leandro de Carvalho Fontinel, pelos mesmos crimes, a cerca de 25 anos de prisão. Leandro foi morto em julho, também em um ataque a tiros, em Canoas.
Fontinel havia deixado a Penitenciária Estadual de Charqueadas em janeiro de 2020, e utilizava uma tornozeleira eletrônica desde então. Na manhã de segunda, ele faria uma abdominoplastia (procedimento para retirada de excesso de gordura e pele na região), e teve o equipamento retirado por uma equipe da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) pouco antes do ataque.
De acordo com o diretor da Divisão de Homicídios de Porto Alegre, delegado Eibert Moreira, os irmãos eram líderes da quadrilha que domina a região do bairro Mathias Velho, em Canoas, e tem envolvimento com tráfico de drogas e também coordena homicídios. Segundo a polícia, esse grupo criminoso foi criado pelos irmãos depois que eles deixaram a facção que tem como berço a zona leste da Capital e atua especialmente na região do bairro Bom Jesus — uma das linhas de investigação é que o ataque tenha sido realizado por esse grupo.
— Os irmãos ganharam mais expressividade há alguns anos, quando se desmembraram da facção que atua em Porto Alegre. Depois de serem presos no caso de roubo a banco, eles passaram a fortalecer o núcleo deles e fundaram sua quadrilha. No começo, atuaram mais nos assaltos a bancos, mas nos últimos anos vinham dominando o bairro em Canoas e atuando junto ao tráfico de drogas e execuções — explica Eibert.
Após o ataque, a polícia trabalha para identificar os autores dos disparos.
— Provavelmente a execução se deu em razão de relações criminosas, possíveis desavenças e disputa de tráfico de drogas — informou a delegada responsável pelo caso, Roberta Bertoldo.
No momento do ataque, Fontinel estava em um veículo blindado, na companhia de dois amigos que também foram baleados e encaminhados para atendimento. Em um vídeo da ação, é possível ver que os criminosos utilizaram fuzil e pistola no ataque que matou Fontinel.