
Ao longo de quase um mês, a família Suelen Aparecida Reis Marins, 23 anos, procurou pela jovem. Em 26 de fevereiro, ela saiu da casa onde vivia com os pais e os dois filhos de três e cinco anos, em Carazinho, no norte do RS, prometendo retornar em breve. Sem qualquer novo contato dela, os parentes começaram a se mobilizar em busca de notícias.
O desaparecimento teve desfecho nesta terça-feira (23), quando o corpo da jovem foi encontrado enterrado sob a garagem de uma residência. Um suspeito, que morava no local, está preso de forma temporária desde a semana passada, mas o motivo do crime ainda é apurado.
O sumiço chegou à polícia a partir do registro realizada pela família, por meio da Delegacia Online. Inicialmente, o foco foi encontrar a jovem, mas a investigação acabou levando para a suspeita de que ela tivesse sido vítima de um crime. A família diz que Suelen não costumava permanecer fora de casa por longos períodos e era bastante apegada ao casal de filhos.
— A gente suspeitava que algo tivesse acontecido. Ao mesmo tempo, não queria acreditar e continuava procurando. Mas ela nunca sumiria sem levar as crianças. Ela tinha um amor muito grande pelos filhos. Eram tudo para ela — afirma a prima Vitória Aparecida Marins Resende, 19 anos.
A Polícia Civil diz que a motivação do assassinato ainda precisa ser melhor esclarecida, assim como a forma como aconteceu. Uma das suspeitas é que o homicídio possa estar relacionado com o tráfico de drogas. A jovem, segundo a própria família, era usuária de drogas. Mas os parentes dizem que desconheciam qualquer dívida que ela pudesse ter relacionado a isso.
Segundo a delegada Rita De Carli, o suspeito preso já manteve relacionamento com a vítima, mas atualmente tinha outra namorada.
— Precisamos esclarecer melhor a motivação. Não sabemos até quando eles se relacionaram, se ainda havia algum envolvimento afetivo, emocional — afirma a delegada sobre a possibilidade de se tratar de um feminicídio.
O suspeito, que está preso de forma temporária e não teve o nome divulgado pela polícia em razão da Lei de Abuso de Autoridade, possui histórico por violência doméstica e estupro. A atual namorada dele estava na residência onde o corpo de Suelen foi localizado. A mulher foi ouvida pelos investigadores e afirmou que mantinha um relacionamento recente com o suspeito e que só foi morar na casa após a prisão dele. Ela alegou que não sabia de nada.
A polícia diz que apura ainda se há participação de mais pessoas no assassinato. A causa da morte deverá ser confirmada pela perícia. Uma corda foi apreendida na semana passada na casa. Uma das hipóteses é que possa ter sido usada para enforcar a vítima, já que havia alguns cabelos femininos na corda.
Como corpo foi descoberto
A casa onde Suelen acabaria sendo encontrada morta, no bairro Princesa, já havia sido alvo de buscas pela polícia na semana passada. Naquele momento, os policiais encontraram a corda, alguns anéis e roupas que foram reconhecidos pelos familiares da vítima. O suspeito de 39 anos foi preso de forma temporária. Quando ouvido, ele negou qualquer envolvimento no sumiço da jovem, que disse não conhecer.

Foram realizadas buscas em outros locais, onde havia possibilidade de que a vítima estivesse enterrada, como matagais, mas nada foi encontrado. Nesta terça-feira, a polícia voltou até a casa para realizar novas buscas, após receber uma informação de que o corpo estaria na moradia.
— Essa informação foi fundamental para que nós chegássemos até o local onde estava o corpo. Até então, não havia se percebido nenhum vestígio no local — afirma o delegado Edson Cezimbra.
Os policiais retornaram até a casa e descobriram que, embaixo de um tapete na garagem, algumas cerâmicas do piso tinham sido removidas recentemente. Após cavarem no local, encontraram uma lona preta onde estava enrolado o corpo da jovem. A equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP) foi acionada e esteve no local. O cadáver foi reconhecido pelos familiares por conta de duas tatuagens que Suelen tinha no braço com os nomes dos filhos. Também foi coletado material para realização de exame de DNA.
— É muito doloroso para todos nós. Crescemos juntos. Não pudemos nem nos despedir. O velório teve que ser realizado com caixão fechado — diz a prima.
O sepultamento foi realizado na manhã desta quarta-feira (24) no Cemitério Municipal de Carazinho.