Desaparecido desde 13 de março, após sair do plantão em um hospital de Porto Alegre, o técnico de enfermagem Onélio da Rosa Freitas, 56 anos, teria sido vítima de homicídio, conforme apuração da Polícia Civil. O corpo dele foi localizado na Zona Norte dias depois do sumiço, mas identificado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) na última semana.
O cadáver do profissional de saúde foi encontrado quatro dias após o desaparecimento, em 17 de março, em um terreno baldio na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, no bairro Rubem Berta, por uma pessoa que passava pelo local. Devido ao avançado estado de decomposição, o IGP não conseguiu coletar as impressões digitais de Freitas no momento da necropsia. Foi necessário um trabalho de tratamento da pele para obter o material. Com isso, o resultado do laudo foi concluído apenas no dia 7 de abril, confirmando a identidade de técnico.
Titular da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, a delegada Roberta Bertoldo explica que, em 12 de março, um dia antes de Freitas desaparecer, outro homem sumiu. Havia possibilidade de o corpo encontrado ser deste indivíduo, o que não se confirmou.
— Esse corpo achado em 17 de março poderia ser de duas pessoas, inclusive as vestes nos levavam a crer que não fosse de Freitas.
A partir da identificação do cadáver, a polícia trabalha com a hipótese de homicídio. O Siena vermelho de Freitas foi encontrado dois dias depois do sumiço, em 15 de março, na Rua Fernando Camarano, também no bairro Rubem Berta, na Zona Norte. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento exato em que o carro foi deixado no local por dois homens, por volta das 20h do dia 15. A polícia solicitou a coleta de fragmentos e impressões digitais no veículo, porém, o material não apontou suspeitos.
— Temos avanços bem importantes na investigação mas não temos como dar ciência de tudo que está sendo feito para a família. O trabalho depende do sigilo para ter sucesso. O corpo estava em um terreno baldio e tentaram colocar fogo. Provavelmente, foi vítima de homicídio, mas se foi um tiro ou alguma outra circunstância, ainda não sabemos — afirma Roberta.
Segundo a polícia, Freitas não tinha envolvimento com o crime organizado. De acordo com depoimentos colhidos durante a investigação, o técnico de enfermagem recebeu R$ 5 mil em pagamento de uma dívida no dia em que desapareceu e havia comentado a colegas de trabalho que iria encontrar um casal. O último saque bancário feito pela vítima foi em 12 de março, um dia antes de desaparecer, quando retirou R$ 300. A polícia pretende ouvir colegas de trabalho de Freitas. Como o corpo foi encontrado no bairro Rubem Berta, o caso será encaminhado para a 3ª DHPP.
Natural de Cachoeira do Sul, na Região Central, Freitas vivia em Porto Alegre desde os 23 anos e atuava há 30 no mesmo hospital. É separado, deixa dois filhos e morava no Parque dos Maias.
— O único dia em que consegui dormir foi depois que enterramos ele, antes disso, era pesadelo atrás de pesadelo. Ainda assim, continuamos sem respostas. É uma situação muito complicada e estamos sofrendo muito, não sabemos se alguém prestou alguma ajuda a ele — afirma a filha mais velha, Laura Freitas, 26 anos.