A Polícia Civil investiga se uma cadeira quebrada foi o motivo para o início da briga que levou um jovem à morte na Fronteira Oeste. O garçom e organizador de festas Lucas Baroni, 25 anos, foi espancado quando comia um xis em um trailer em Rivera, bem próximo do município gaúcho, na fronteira entre Brasil e Uruguai no dia 4 de fevereiro. Internado por 18 dias, ele morreu no último sábado (22) na Santa Casa de Santana do Livramento.

Segundo Felipe Baroni, 28, o irmão costumava visitar o local frequentemente, já que era um ponto de encontro conhecido na região. Testemunhas contaram que, no dia 4, ele estava brincando com um cachorro quando, acidentalmente, quebrou uma cadeira. Mesmo tendo dito que ia pagar, o dono do local iniciou uma discussão que, rapidamente, evoluiu para espancamento:
— Os caras vieram xingar. Ele disse que ia pagar a cadeira e começaram a discutir. A discussão estava só entre os dois, só que nisso vieram várias pessoas e agrediram. Um deu um soco na nuca e ele desmaiou. Daí seguiram agredindo ele, com chutes e socos — conta o operador de ponte rolante.
Um amigo que estava com ele fugiu quando viu a discussão. Lucas foi socorrido horas depois em Rivera e, mais tarde, transferido para a Santa Casa de Santana do Livramento com múltiplas fraturas.
Mesmo a situação tendo ocorrido em território uruguaio, a delegada Giovana Müller abriu inquérito para investigar. Segundo ela, o caso já estava sendo apurado desde o dia 4, mas ganhou prioridade com a morte do jovem.
Conforme a delegada, imagens de câmeras de segurança que circularam no dia do crime mostram que foi Lucas quem deu o primeiro soco. As imagens de câmeras de Rivera também foram solicitadas à polícia do país. A motivação é investigada.
— Nós também recebemos a informação de que as agressões teriam começado porque ele quebrou uma cadeira. Mas isso ainda teremos que descobrir. Vamos buscar ouvir testemunhas nesta semana para poder tipificar o crime.
Ainda não se sabe exatamente quantas pessoas cometeram o crime, mas dois autores — pai e filho — já foram identificados. Um deles se apresentou à polícia com advogado e será ouvido nos próximos dias.
Família quer justiça
Lucas era o mais novo entre seis irmãos – cada um mora em diferentes cidades do Estado. Ele morava com a mãe e deixou um bebê de onze meses.
— O sentimento é de tristeza. Minha mãe é doente, tem enfisema pulmonar, e era só ele com ela. Só os dois. Ele que ajudava, que levava ao hospital quando ela passava mal. Imagina, de uma hora para outra acontecer uma coisa dessas — relata o irmão.
Felipe, que mora em Caxias do Sul, já foi inúmeras vezes a Santana do Livramento para cobrar respostas. A família espera que os responsáveis sejam punidos.
— Até agora todos estão soltos. Andando pela cidade, curtindo balada. E nós enterrando o meu irmão. A gente pede justiça, a gente só quer que eles sejam presos. Essas pessoas não podem ficar na rua.