O começo da manhã desta sexta-feira (2) foi de transtornos para dois moradores do Centro Histórico, em Porto Alegre. Durante a madrugada, dois carros foram alvos de bandidos, que furtaram as rodas dos veículos.
Os registros ocorreram nas ruas Duque de Caxias e Demétrio Ribeiro, a menos de um quilômetro de distância. Nos dois casos, o modo de agir dos criminosos foi semelhante: as duas rodas da direita foram levadas e, as da esquerda, que estavam próximas ao cordão, deixadas no local. Para manter os carros elevados, os criminosos deixaram macacos nos locais.
Nas duas ruas, há muitos prédios antigos e poucas garagens, o que faz com que muitos moradores deixem os veículos na rua. O custo mensal para deixar o carro em uma garagem particular gira em torno de R$ 300, conforme os moradores.
Na Duque de Caxias, próximo da Rua Washington Luís, moradores curiosos observavam a cena enquanto saíam de casa, por volta de 8h30min, quando GaúchaZH esteve no local. Ao lado do Fox, estavam os parafusos retirados das rodas do carro.
— Moro aqui na frente e ouvi um barulho pouco antes das 3h, depois ouvi um carro arrancando. Meu carro estava aqui na rua, então fiquei atenta. Mas não cheguei a vir na rua, só estou vendo a cena agora. Aqui, geralmente é tranquilo, não ocorrem muitos furtos. Isso é casualidade — relatou a assistente social Maria do Carmo Mendes.
O dono do carro, o aposentado Roberto Graziane, 76 anos, ficou sabendo do furto pela esposa, que havia saído de casa no começo da manhã.
— Ela veio aqui embaixo e me ligou de volta dizendo: "Roberto, vem aqui que levaram as rodas do teu carro". Moro aqui há 10 anos e isso nunca tinha acontecido, já deixei até o carro aberto algumas vezes.
Por volta de 9h15min, o seguro chegou ao local para fazer a remoção do veículo. O aposentado diz que não pretende acionar o seguro nem registrar boletim de ocorrência, apesar de estimar um custo entre R$ 2 e R$ 3 mil para comprar novos pneus e rodas.
— É um absurdo. Mas não vou fazer BO, porque não vai resolver.
Na Rua Demétrio Ribeiro, o carro alvo dos bandidos foi um Cobalt, estacionado próximo à Rua General Portinho. Não há outros sinais de arrombamento no veículo. O dono do carro não estava em casa quando foi procurado por GaúchaZH.
— Era um lugar tranquilo, mas agora tem acontecido bastante, não só furto de rodas mas outros vandalismos com carros. Esse é um problema difícil de resolver. Muitos prédios aqui não têm garagem, então os carros ficam na rua — conta a moradora da região Maria do Carmo de Faria Correa, advogada aposentada.
Casos são raros na região, diz delegado
O delegado Paulo César Jardim, titular da 1ª Delegacia da Polícia Civil, diz que este tipo de ocorrência é rara na região. Na delegacia, responsável por parte do Centro Histórico, há poucos registros de furtos de rodas de veículos. No entanto, o fato de muitas vítimas não informaram a polícia sobre os crimes pode contribuir para que o número seja baixo:
— É o que a gente chama de cifra negra. O número de ocorrências é incerto, porque não há registros. Fiquei sabendo dos casos de hoje por vocês (GaúchaZH). Fiquei surpreso, porque esse tipo de caso é bem eventual nessa região. Mas esse crime só é fomentado porque, assim como existe o ladrão, existe quem compra.
Segundo o delegado, sem a ocorrência, não é possível investigar os crimes. No local dos furtos, há câmeras de segurança de prédios, que podem auxiliar a investigação, caso as vítimas decidam registrar os casos.