Os desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ), em Porto Alegre, negaram na tarde desta quinta-feira (23) recurso da defesa do médico Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, para invalidar a denúncia do Ministério Público (MP) contra os quatro réus. Com isso, segue o andamento do processo que apura as causas do assassinato do menino em abril, no noroeste gaúcho.
O julgamento começou logo depois das 12h30 e terminou pouco antes das 14h. O TJ também negou pedido da defesa para que juiz e promotora ligados à apuração dos fatos fossem incluídos como testemunhas no processo.
Habeas Corpus
Os desembargadores da 3ª Câmara Criminal não receberam o novo pedido de liberdade para Leandro Boldrini. O presidente da Câmara, desembargador Nereu Giacomolli, que estava julgando todos os fatos referentes ao processo de Bernardo, está se aposentando e agora os casos serão redistribuídos para a 1ª Câmara Criminal do TJ. Leandro Boldrini e outros dois réus tiveram prisão decretada pela Justiça no dia 14 de abril por envolvimento na morte da criança. Um quarto réu teve prisão decretada no dia 10 de maio.
Em maio, a 3ª Câmara Criminal já havia negado outros dois pedidos de habeas corpus ao pai da criança por entender que havia muitos indícios da omissão dele em relação aos cuidados com o filho. Em junho, um terceiro recurso foi negado na mesma câmara pelo mesmo entendimento e em agosto, o juiz Marcos Luís Agostini, da Comarca de Três Passos, onde a família residia, havia negado pedido de liberdade ao médico e à madrasta Graciele Ugilini.
Também em agosto, a 3ª Câmara Criminal negou recurso semelhante a outros dois réus, Edelvânia e Evandro Wirganovicz, sob o argumento de garantia da ordem pública e para evitar provável risco de fuga. Os dois, além do pai de Bernardo e a madrasta seguem presos.
O Tribunal de Justiça também confirmou para a próxima quinta-feira (30) audiência com a avó materna do menino Bernardo.
Caso Bernardo
Bernando Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado morto no dia 14 de abril, após dez dias desaparecido. O corpo do jovem estava em um matagal, enterrado dentro de um saco, na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. O menino morava com o pai, o médico-cirurgião Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e uma meia-irmã, de 1 ano, no município de Três Passos.
O pai, a madrasta e uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, respondem na Justiça por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O irmão de Edelvânia, Evandro, também responde por ocultação de cadáver. O pai de Bernardo ainda é acusado por falsidade ideológica.