A casa onde o menino Bernardo morava virou uma espécie de parada obrigatória em Três Passos desde o último sábado (6), quando o garoto completaria 12 anos. Dezenas de vasos de flores, cartazes e velas são fixados ao portão da residência. A todo o momento as pessoas param para prestar homenagens e muitas ainda se emocionam ao lembrar do menino, que foi encontrado morto no dia 4 de abril de 2014.
Jovita conhecia Bernardo desde pequeno. Ao fim da tarde deste domingo (7), acendia uma vela para homenagear o menino. Mesmo fazendo cinco meses do crime, ainda se emociona.
“A gente que conhecia o pai, um bom médico. Mas como pai, quando o filho mais precisou, ele não ajudou”, lamenta Jovita.
Para Jovita, os vídeos que foram divulgados de Bernardo sendo ameaçado pela madrasta na presença do pai, e a relação do menino com a família tira todas as dúvidas sobre o que ele passava em casa.
“Porque antes a gente pensava que talvez o menino, sentindo a falta da mãe, pudesse estar rebelde. Mas, com a convivência que ele tinha na casa, ele só poderia ser assim. Os vídeos que a gente viu só comprovam que eles são culpados do que ele passou”, desabafou.
Sete testemunhas serão ouvidas nesta segunda-feira (8), no Foro de Três Passos. Todas são testemunhas de acusação. Entre elas, está uma professora do menino, uma mulher que era amiga da família que seguidamente acolhia Bernardo, a secretária do médico Leandro Boldrini e a ex-babá do garoto. Os depoimentos estão marcados para começar às 9h.
Caso Bernardo
Bernando Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado morto no dia 14 de abril, após dez dias desaparecido. O corpo do jovem estava em um matagal, enterrado dentro de um saco, na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. O menino morava com o pai, o médico-cirurgião Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e uma meia-irmã, de 1 ano, no município de Três Passos.
O pai, a madrasta e uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, respondem na Justiça por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O irmão de Edelvânia, Evandro, também responde por ocultação de cadáver. O pai de Bernardo ainda é acusado por falsidade ideológica.