A médica, pesquisadora e professora Ligia Bahia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está no centro de uma polêmica após ser processada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
O processo judicial é motivado por declarações dadas por ela durante uma entrevista ao canal do YouTube Instituto Conhecimento Liberta (ICL). A entidade pede que a médica se retrate, não faça novas manifestações consideradas ofensivas e pague uma indenização de R$ 100 mil.
A ação gerou reações no meio acadêmico e científico. Na segunda-feira (3), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgaram uma nota conjunta em apoio à sanitarista e criticando a postura do CFM.
Quem é Ligia Bahia?
Ligia Bahia é professora associada da UFRJ e tem mais de três décadas de experiência em políticas de saúde, sistemas de proteção social e relações entre os setores público e privado.
Com mestrado e doutorado em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ela atua na área de Saúde Coletiva, com ênfase em políticas de saúde e planejamento.
Membro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Ligia tem histórico de defesa do direito à saúde e da regulação do setor de planos de saúde.
Declarações
Em 2019, quando médicos estrangeiros do programa Mais Médicos deixaram o país, Ligia foi uma das principais vozes em defesa deles.
— Em vários estados, as clínicas de saúde e seus pacientes ficaram sem médicos — alertou na época.
Durante a pandemia de covid-19, ela também se posicionou a favor de medidas rigorosas de isolamento social e testagem em massa.
— A recomendação devia ser o fechamento radical da circulação de pessoas por duas ou três semanas. Devia haver testagem ampla para todas as pessoas que apresentassem sintomas — afirmou.