"Eu nunca tinha visto a morte tão de perto", diz policial ferido em confronto com assaltantes no sul do Estado

O policial Márcio Ribeiro Bertolino, 37 anos, estava na viatura que foi alvejada pelos assaltantes da agência do Banco do Brasil em Dom Feliciano, na madrugada de sábado. Com ferimentos no olho e no braço esquerdo, ele não deixou de prestar a última homenagem ao colega Paulo Roberto Ribas, que morreu durante o confronto com os bandidos e foi sepultado na manhã deste domingo, em Pelotas.

Ainda muito abatido, Márcio Bertolino contou à ZH como tudo aconteceu.

Zero Hora - Como foi o momento em que vocês encontraram os assaltantes?

Márcio Bertolino - Nós estávamos na estrada que liga Dom Feliciano a Encruzilhada do Sul, nós íamos em direção a Encruzilhada e eles estavam voltando. Paramos a viatura e eles vinham. Era um gol antigo, nem pensamos que fossem eles, até porque em assaltos geralmente eles usam carros mais potentes. Só que eles nos viram e deram volta. E nós seguimos eles. Ficamos a uma distância de cem metros, percebemos uns foguinhos saindo pelas janelas do carro deles. Eles abriram fogo contra nós.

Zero Hora - Qual foi a reação de vocês quando perceberam que eram os assaltantes?

Márcio Bertolino - Trocamos tiros com eles. Até que um tiro deles atingiu a nossa viatura. Estava o motorista e eu na frente e o Ribas no banco de trás, bem atrás de mim. A bala atravessou o para-brisa e passou a menos de cinco centímetros da minha cabeça, bem nessa hora o Ribas colocou a cabeça entre os bancos da frente e o tiro acertou em cheio o rosto dele. Paramos a viatura, nisso os assaltantes se mandaram, vimos que o Ribas ainda estava com sinal de vida e seguimos para o hospital de Encruzilhada, que era o socorro mais próximo de onde estávamos.

Zero Hora - Que lição você tira de tudo isso?

Márcio Bertolino - Quando vi o Ribas naquela situação, pensei nos meus dois filhos, pensei na minha família. Tenho 13 anos de profissão, iniciei como soldado sabendo dos riscos, mas nunca tinha visto a morte tão de perto. Estilhaços atingiram o meu olho e o meu braço, ainda vou ficar um tempo em recuperação, mas nem penso em abandonar a polícia. Penso em redobrar a atenção e seguir adiante.