O 31 de maio foi a data escolhida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1987, com o objetivo de alertar para a letalidade das doenças associadas ao consumo de tabaco em suas mais variadas formas.
A OMS classifica o tabagismo como uma doença crônica, considerada um transtorno mental e comportamental por conta da dependência do consumo da nicotina, substância química presente nos produtos derivados do tabaco. Além do cigarro, tipo mais comum desses produtos, a nicotina também está presente em charutos, cachimbos, cigarros de palha, cigarrilhas, tabaco para narguilé e dispositivos eletrônicos, entre outros. O ato de fumar é tido como a principal causa evitável de adoecimento e mortes precoces no mundo. E, assim como o coronavírus, também é tratado como uma pandemia pela OMS.
Recuo no mundo
Segundo relatório da OMS, o número de fumantes no mundo está diminuindo pela primeira vez nos últimos 18 anos. Atualmente, segundo estimativa da organização, são 1,09 bilhão de pessoas com o hábito em todo o planeta. Apesar do avanço, ainda morrem cerca de 8 milhões de pessoa em todo o planeta de complicações relacionadas ao tabagismo.
Situação no país
De acordo com a mais recente pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2018, a quantidade de usuários de tabaco no Brasil caiu 40% de 2006 a 2018. Os fumantes passaram de 15,7% na população adulta para 10,1%.
Porto Alegre é a capital brasileira com mais fumantes: 14,4% da população afirmam ter o hábito. São Paulo (12,5%) e Curitiba (11,4%) são as outras capitais com mais fumantes. Os menores índices são em capitais nordestinas: 4,8% em Salvador, na Bahia, e em São Luís, no Maranhão.
O tema de 2020
Neste ano, a OMS havia escolhido como tema de debates “proteger os jovens da manipulação da indústria e prevenir o uso de produtos de tabaco e nicotina”. Mas, diante da pandemia, o Ministério da Saúde resolveu adotar discussões sobre a relação entre tabagismo e o coronavírus.
A relação com a covid-19
Há dois fatores de riscos preponderantes. O primeiro é em relação ao contágio, já que os usuários de cigarros e assemelhados promovem o contato direto dos produtos com a boca, uma das principais portas de entrada para o vírus no sistema imunológico.
O outro ponto é que as complicações da covid-19 podem ser mais graves em pessoas que, por causa do uso de tabaco, têm doenças respiratórias.
Doenças associadas
O consumo de cigarro e derivados é um dos principais fatores para o surgimento de doenças pulmonares. As mais frequentes são cânceres nos órgãos que integram o aparelho respiratório (pulmão, traqueia, brônquios, além da boca), doença pulmonar obstrutiva crônica, tuberculose e pneumonia. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 85% dos diagnósticos de câncer no pulmão estão associados ao tabaco. Calcula-se que, por dia, 428 pessoas morrem no Brasil em decorrência de problemas ligados ao tabagismo.
Benefícios ao parar de fumar
Não é preciso muito tempo para se notar os benefícios em largar o cigarro:
- Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal
- Após duas horas, não há mais nicotina circulando no sangue
- Após oito horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza
- Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor
- Após dois dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já está mais apto a degustar a comida
- Após três semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora
- Após um ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade
- Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram
Conselhos para quem quer largar o cigarro
- Devido à dependência gerada pela nicotina, a decisão de abandonar o cigarro envolve sofrimento físico e psíquico que a abstinência provoca. É preciso estar ciente de que os primeiros dias tendem a ser mais duros, podendo ter efeitos colaterais como dores de cabeça, irritação, alteração no sono, dificuldade de concentração.
- A forma mais indicada pelos órgãos de saúde é interromper o consumo imediatamente, tratando este dia como o marco zero de uma nova vida.
- Também pode ocorrer de forma gradual, diminuindo o número de cigarros diariamente e desassociando o ato de fumar de outras atividades diárias. O ideal é que esse processo não leve mais do que duas semanas.
- Uma recaída não deve ser tratada como terra arrasada. Caso ocorra, tente manter o foco para não ocorrer novamente.
Peça ajuda
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece apoio pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo. No RS, o órgão responsável é o Centro Estadual de Vigilância em Saúde – Coordenação Estadual do Programa de Controle do Tabagismo (Rua Domingos Crescêncio, 132, sala 308, bairro Santana, em Porto Alegre). Atendimento entre 8h30min e 18h, de segunda a sexta-feira. Contatos pelos fones (51) 3901-1093 e (51) 3901-1070 ou pelo e-mail tabagismo@saude.rs.gov.br.
Produção: Állisson Santiago