O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reuniram nesta quinta-feira, em Brasília, para discutir a adoção de novas estratégias para garantir a qualidade do sangue usado em doações no país. O encontro foi precipitado diante da constatação, feita pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de um caso de transmissão de zika vírus por meio de uma transfusão.
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A primeira medida já está definida. Postos de coleta devem reforçar os cuidados na entrevista com candidatos a doadores de sangue sobre a ocorrência de sintomas relacionados à zika – febre baixa, coceira e manchas pelo corpo. Caso esses sintomas sejam apresentados, a doação não deve ser realizada.
A transmissão do zika teria acontecido em março e seria a primeira identificada no Brasil. Embora não seja o primeiro registro na literatura mundial de risco de infecção por meio de sangue, o episódio despertou a atenção de autoridades sanitárias. O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, avalia que, no primeiro momento, o cuidado na entrevista de seleção de candidatos a doação de sangue é o mais importante. Outra medida considerada essencial é reforçar as recomendações tanto para doadores quanto para aqueles que receberam o sangue.
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No caso da ocorrência de algum problema de saúde, é preciso entrar em contato com o hemocentro responsável. Tais medidas permitem maior vigilância e controle sobre eventuais problemas que possam ocorrer. Foi assim, por sinal, que a Unicamp identificou o primeiro caso de transmissão. O doador teve algumas queixas depois da doação, comunicou o hemocentro, que se encarregou de identificar e avaliar o paciente que recebeu a bolsa.
– Tal episódio mostra como o sistema é bastante seguro – disse Maierovitch.
O diretor avalia não haver, neste momento, necessidade de se adotar uma estratégia se incorporar testes de zika nas bolsas de sangue.
– Temos um caso. Seria precipitado – comentou.
Para ele, o ideal, neste momento, é reforçar a vigilância. Antes da doação de sangue, o candidato a doador é submetido a uma série de perguntas. Somente são aceitas aquelas pessoas que atendem a quesitos que vão desde faixa etária e peso até a ocorrência de doenças e uso de vacinas. A dengue já integra a lista de limitações. Pessoas que apresentaram sintomas da doença não podem doar, pelo menos, até quatro semanas depois da cura da doença. Candidatos com febre também são recusados.
– Hoje já há uma série de recomendações que ajudam a evitar o risco de transmissão do vírus por meio da transfusão – disse Maierovitch.
A triagem é o primeiro passo. Bolsas de sangue são testadas para uma série de doenças infecciosas, como HIV e hepatites. Maierovitch informou que não há tecnologia atualmente disponível para realização de testes que identifiquem o zika nas bolsas de sangue doado.
– Conhecimento para desenvolvimento do teste, no entanto, está disponível. Neste momento não é essa a prioridade – ressaltou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.