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Algumas mães não abrem mão da fralda descartável. Outras preferem as de pano. E agora há também as que optam por fralda nenhuma, caso da blogueira Manuela Tasca, 32 anos, que chamou a atenção ao divulgar pela internet que seu filho de cinco meses já aprendeu a usar a privada.
Conhecido como Elimination Communication, o método é adotado por mães que veem vantagens econômicas e ambientais em colocar a criança no vaso sanitário já nos primeiros meses de vida. Para especialistas, no entanto, a iniciativa pode prejudicar o desenvolvimento fisiológico dos pequenos.
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No blogue Yellow Baby, Manuela publicou uma foto do filho, Luca, sentado na privada e relatou como foi o primeiro dia da experiência. "Isso significa não para nós apenas um desfralde mais tranquilo, como principalmente fraldas livres de cocô, tranquilidade ao viajar, menos produtos higiênicos para carregar e momentos de muita diversão quando nos reunimos no banheiro para acompanhar o pequeno", escreve.
A parteira Tamara Hiller é alemã e há dez anos mora no Brasil, onde incentiva a prática por meio de palestras e consultorias privadas. Ela explica que a técnica exige paciência, tempo e dedicação dos pais para conhecer os sinais do filho quando chega "a hora".
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- Eu recomendo que a mãe deixe a criança com a fralda e, quando notar algum sinal, tire-a e coloque o bebê no vaso sanitário ou no penico - afirma.
A idade ideal para começar a tirar a fralda varia conforme a preferência da família: pode ser com seis meses ou até menos. De acordo com Tamara, o processo completa-se em torno dos dois anos, mas algumas crianças conseguem controlar as suas necessidades muito antes disso.
Ernani Miura, professor de pediatria e neonatologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), acredita que a higiene natural pode proporcionar mais liberdade no desenvolvimento da criança, incentivando-a a ser mais independente no futuro. Entretanto, ele ressalta alguns cuidados.
- O método exige mais trabalho e atenção dos pais, principalmente quanto à limpeza das crianças e à higiene do ambiente onde a criança eliminou as fezes.
José Paulo Vasconcellos Ferreira, ex-presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, desaprova o método por acreditar que esse tipo de higiene não respeita o desenvolvimento natural da criança.
- O bebê precisa de independência, e isso ele não vai ter se a mãe ficar em volta, esperando pelos sinais. A criança precisa ter vontade própria - argumenta Ferreira.
A Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda que os pais estimulem esse processo antes dos 18 meses de vida pelo fato de a criança não estar preparada fisiologicamente. Segundo pediatras, deve-se respeitar a maturidade do bebê, a qual começa a ser desenvolvida após esse período. Segundo a entidade, estudos já comprovaram que retirar a fralda do bebê nos primeiros meses de vida pode resultar também em estresse.
*Zero Hora