Que a violência é uma das principais causas de morte e incapacidade para as crianças no mundo todo, estamos cansados de assistir no dia a dia. A exposição a ela na mídia é fator de risco importante para a violência juvenil. Grande parte das pesquisas sobre o assunto foram realizadas entre 1980 e 1990, quando a influência da exposição da mídia sobre as crianças foi estabelecida pela primeira vez. Desde então, a variedade de meios de comunicação disponíveis explodiu, levando a mudanças no comportamento que ameaçam relações interpessoais.
Crianças e adolescentes nos Estados Unidos gastam em média 6,5 horas por dia assistindo à televisão, jogando videogames ou usando computadores. Os programas para elas (especialmente desenhos animados), filmes, vídeos de música e jogos de vídeo são potenciais fontes de conteúdo violento. Considerando que ações destinadas a ferir ou prejudicar aparecem aproximadamente 10 vezes por hora no horário nobre da televisão e que, nos desenhos animados, este número pode chegar a 50, estima-se que uma criança média americana assista em torno de 10 mil a 12 mil atos violentos por ano. E pasmem, a 8 mil assassinatos até o término do Ensino Fundamental. Como em geral este conteúdo não depende de linguagem verbal ou escrita, ele é compreensível para crianças pré-verbais e pré-alfabetizadas.
A explicação para a associação entre assistir à violência e posterior conduta violenta tem dois componentes. O primeiro se baseia nas formas em que as crianças aprendem como se comportar. A aprendizagem social começa em uma idade precoce por meio da imitação e do reforço positivo ou negativo de comportamentos. Vários aspectos da violência na televisão tornam sua imitação atraente para as crianças. O segundo está relacionado com a dessensibilização e a banalização da violência. As crianças que são expostas repetidamente aceitam a violência como parte normal da vida e como uma forma de resolver problemas.
Outro estudo analisou o comportamento de crianças que foram separadas para ver filmes violentos ou não violentos. Em seguida, foram monitoradas por observadores treinados. Foi demonstrada clara associação entre a visualização de filmes violentos e o comportamento agressivo. Este padrão é repetido na maioria das pesquisas.
Embora os pais e a indústria possam discordar dos avaliadores sobre o que é apropriado para crianças, o sistema de classificação por faixa etária é o primeiro passo para ajudar os pais a escolher a programação para seus filhos (confira outros cuidados ao lado). Os pais e cuidadores infantis devem trabalhar juntos para diminuir a exposição das crianças à violência na mídia e, se expostas, reduzir os efeitos. Temos de encontrar um jeito inteligente de incorporar avanços da tecnologia sem perder o que nos faz seres superiores.
Em Dia
Tânia Rohde Maia: A banalização da violência
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