Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) lançam na próxima quinta-feira, na capital paulista, um guia de procedimentos para ajudar pacientes transplantados do fígado e que tenham doenças hepáticas graves a terem reduzidos os fatores de risco de infecção nos períodos anterior e posterior ao transplante.
O estudo, feito no Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (Fmusp), foi publicado em junho no periódico Liver Transplantation.
Segundo o diretor da Divisão do Aparelho Digestivo e Coloproctologia do HCFMUSP e coordenador da pesquisa, Luiz Carneiro D'Albuquerque, todos os pacientes que passaram por transplante de fígado entre 2002 e 2011 no HC foram avaliados. Nesse período, foram 597 transplantes e 543 pacientes.
- O Brasil transplantava por ordem cronológica, mas a partir de 2006 mudou-se para o critério de gravidade, colocando os mais urgentes no início da fila - destaca D'Albuquerque.
Com isso, os profissionais começaram a observar o impacto da gravidade desses doentes na sua evolução e notaram que aqueles mais graves são infectados com frequência, precisam de dosagens maiores de antibióticos e internações prolongadas e, muitas vezes, chegam à morte.
- Aqueles que têm necessidade de um novo transplante ou que recebem muito sangue também têm pior evolução e apresentam custo excessivo no tratamento - afirma coordenador da pesquisa.
D'Albuquerque explicou que entre esses procedimentos estão maiores cuidados, com coberturas maiores de antibióticos, e até mesmo a desistência do transplante em pacientes com poucas chances de sobrevida.
- Em outros países, já se faz essa avaliação, com a opção de não fazer o transplante em pacientes terminais. Como o fígado é um bem infinito e público, nós poderíamos usar o órgão em outro doente, com possibilidade de evolução melhor - afirma o médico.
Nesses doentes se faria uma preparação para evitar maiores complicações. A ideia é ainda levantar uma discussão para definir melhor a distribuição dos órgãos no Brasil, como é feito em outros países.