
A campanha de vacinação contra a gripe começou na última segunda-feira (7) em Porto Alegre com a meta de vacinar 90% dos idosos, crianças e gestantes do município. Conforme balanço da prefeitura, com base em dados do governo federal, a última vez em que um desses grupos atingiu a taxa esperada foi em 2021.
Há quatro anos, 163% dos idosos da Capital tomaram o imunizante contra a influenza. Em 2022, entretanto, o número caiu drasticamente, chegando a 67,9%. Nos dois anos seguintes, a cobertura vacinal reduziu ainda mais, alcançando apenas 56,84% em 2024.
Quando comparados os últimos 10 anos, é possível notar a queda a partir da pandemia. Antes de 2020, a vacinação de pessoas com mais de 60 anos tinha atingido e superado a meta de 90% em 2016, 2017 e 2019. Nos outros anos, 2015 e 2018, a cobertura chegou a 86% e 89%.
— A questão das baixas coberturas a gente considera que é multifatorial. Então são vários fatores. A questão da pandemia, a introdução também da vacina da covid-19. Tivemos uma onda de fake news relacionado às vacinas que não afetou somente a vacina da covid-19, mas também as outras vacinas. Isso gerou insegurança devido à circulação rápida de notícias falsas — explica Eliese Cesar, técnica do setor de Imunizações do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
A situação dos idosos se repete em nível estadual. Apenas 52,5% fizeram a vacina contra a gripe no Rio Grande do Sul em 2024. No ano anterior, o percentual foi de 61,7%. De acordo com a SES, sete a cada 10 mortes por gripe no Estado, nos últimos dois anos, foram entre a população com 60 anos ou mais.
Os motivos
A queda no número de pessoas protegidas contra a influenza nos últimos anos também é percebida entre os outros grupos prioritários. Dados de Porto Alegre que consideram a média da cobertura vacinal em crianças, gestantes, idosos, trabalhadores da saúde, indígenas e puérperas apontam que menos de 60% desses públicos buscaram os postos entre 2022 e 2024.
No ano passado, essa taxa média chegou a 55%. Mas os piores cenários foram registrados em 2023, com 39%, e em 2022, com 38%. Além da disseminação das notícias falsas que questionam as vacinas, a falta de preocupação com a gravidade da doença também está entre os motivos apontados para a baixa procura. O último ano em que a média dos grupos prioritários alcançou 90% foi 2019.
— A gente tem um número constante, principalmente no inverno. A gente acaba tendo um número maior de casos de pessoas internadas, inclusive no CTI e na UTI. A maioria não é vacinada, realmente. É por isso que a gente reforça essa importância: porque diminui a chance de a pessoa ficar doente e também de ficar gravemente doente — explica Caroline Deutschendorf, médica coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
O público com a menor taxa é o das puérperas, mulheres que tiveram filhos recentemente. Em 2019, 113% delas haviam tomado o imunizante. O número caiu para 43% em 2020 e seguiu diminuindo até chegar a apenas 11% no ano passado.
Estratégias
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), algumas estratégias estão sendo adotadas para aumentar a procura pelo imunizante. Entre elas, está a abertura dos postos de saúde até a noite.
— Em Porto Alegre, há 15 unidades que funcionam até as 22h, vacinando. Temos também o Dia D, quando fazemos toda aquela mobilização, o chamamento das famílias e o passe livre. Este ano, vamos incentivar muito a vacinação nas escolinhas, que atendem crianças menores de 6 anos; também a vacinação domiciliar para pessoas acamadas, especialmente os idosos; e a vacinação nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), onde essas pessoas vivem. As unidades também realizam essa ação — detalha Renata Capponi, chefe da Equipe de Imunizações da SMS.
O objetivo de 2025 é imunizar 736.942 pessoas do grupo prioritário na Capital. A maior parcela (308.381) é composta por idosos.
Até o dia 11 de abril, a vacinação será destinada exclusivamente a idosos com 60 anos ou mais, crianças de seis meses a menores de seis anos, gestantes, puérperas, indígenas e quilombolas. Nas semanas seguintes, a aplicação será ampliada para os demais grupos.
Confira o cronograma em Porto Alegre
De 7 e 13 de abril
- Crianças de seis meses a menores de seis anos
- Idosos com 60 anos ou mais
- Gestantes em qualquer idade gestacional
- Puérperas em até 45 dias após parto
- Indígenas e quilombolas
De 14 e 20 de abril
- Trabalhadores de saúde
- Trabalhadores da educação
- Pessoas em situação de rua
- Pessoas com doenças crônicas
- Pessoas com deficiência
- Pessoas com comorbidades e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade)
- Adolescentes e jovens (12 a 21 anos) cumprindo medidas socioeducativas
- Funcionários do sistema prisional e pessoas privadas de liberdade
De 21 a 26 de abril
- Profissionais das forças de segurança e salvamento
- Forças armadas
- Caminhoneiros
- Trabalhadores do transporte coletivo urbano
- Trabalhadores portuários
- Profissionais dos Correios