
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) abriu uma sindicância para apurar a conduta do cirurgião plástico que é investigado pela Polícia Civil. De acordo com o Cremers, o objetivo é avaliar o caso do ponto de vista da ética médica.
Sete mulheres registraram boletim de ocorrência por lesão corporal contra o médico Valentim Pizzoni. Elas realizaram procedimentos estéticos como lipo HD e plásticas nos seios. O grupo alega negligência após resultados com flacidez, acúmulo de gordura, assimetria, além de feridas. O médico ainda não foi notificado, mas, em entrevista, negou quaisquer irregularidades.
Os documentos do inquérito criminal serão encaminhados nos próximos dias para auxiliar na apuração do Cremers. Os trabalhos nos dois âmbitos ainda estão em fase inicial. Caso haja alguma violação, entre as penas mais graves está a cassação do registro profissional.
— A nossa grande preocupação é não cometer nenhum tipo de pré-julgamento e já de uma condenação prévia em relação a esse colega. Tem que se avaliar se houve algum tipo de infração do ponto de vista da negligência, imperícia ou imprudência, ou se foram, eventualmente, complicações que podem ocorrer, que são inerentes a procedimentos cirúrgicos, ou se criou expectativas fora realmente da realidade. Por isso que é importante até que se faça essa denúncia aqui no Conselho, porque essa sindicância vai ser avaliada por médicos, pelos próprios pares, pra poder fazer essa análise e essa separação — explica o presidente do Cremers, Eduardo Trindade.
A apuração foi aberta mesmo sem ser notificada pelas pacientes. As advogadas do grupo informaram que também vão registrar o caso no Cremers nos próximos dias.
— Nós ainda vamos ingressar com ações judiciais individualizadas, pedindo danos morais, materiais e estéticos. O intuito delas é refazer, com outro cirurgião, a cirurgia que foi proposta anteriormente. Para isso, elas precisam, minimamente, de um ressarcimento. E a mobilização nas mídias é para alertar outras pessoas para que não passem pelo mesmo — explica uma das advogadas do grupo, Roberta Oliveira Lemos de Souza.
Contraponto
O que diz o cirurgião plástico
Em entrevista a Zero Hora, o médico disse que os termos dos procedimentos estéticos foram firmados em contrato, inclusive deixando claro que não há garantia de resultado.
— Tudo vai ser discutido na Justiça, avaliado por uma terceira parte neutra. Eu tenho plena confiança, como eu sou um cara muito correto, que vou ser inocentado. Eu exerço minha profissão com muito cuidado e com muita ética e muita disciplina — afirmou Pizzoni.
— Não está escrito lá que se a gente não concordar, a gente vai discutir na internet. O lugar correto para gerir qualquer diferença é na justiça — complementa.
Relatos nas redes sociais
Depois que o grupo expôs o caso nas redes sociais, outras mulheres enviaram relatos indicando experiências parecidas com o mesmo médico.
— Até a gente se conhecer, a gente achava que a culpa era nossa, que ele era o certo. Ele joga culpa na gente. Na consulta inicial, ele não nos examina para dizer, olha, tu tens um ombro maior do que o outro, tu tens um osso maior do que o outro, e isso pode ser que dê diferença na tua cirurgia, né? Aí depois que a gente passa pela cirurgia e que a gente vê que não ficou como combinado e até assimétrico, deformado, aí ele parte para essa visão — explica Andrieli Funari, que passou por procedimentos com o médico e teve problemas como ferida nos seios.
Na área criminal, o caso está a cargo da 10ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre.