
O médico cirurgião-geral Dirceu Dal'Molin, diretor da Associação Hospital Vila Nova, que administra uma série de unidades de saúde na Capital, acredita na reabertura do Hospital Parque Belém, adquirido em leilão pelo grupo em abril de 2023. O valor pago foi de R$ 17,6 milhões.
Na ocasião, Dal'Molin, havia dito que o objetivo era pegar as chaves o mais breve possível, reformar o necessário e oferecer serviços clínicos e psiquiátricos. No entanto, até hoje, o prédio segue fechado. Nesta entrevista, o médico diz que acredita num desfecho positivo para o imbróglio envolvendo o prédio e que o foco será o atendimento via Sistema Único de Saúde.
O que o senhor pretende fazer com o Parque Belém sem receber recursos solicitados ao Ministério da Saúde?
Não vou desistir, temos um trabalho grande em nível de SUS no Rio Grande do Sul. A gente foi o grupo que mais produziu SUS no RS em 2023 e 2024. Porto Alegre precisa de mais leitos e eu vou com o secretário da Saúde (de Porto Alegre, Fernando Ritter) em uma audiência no Ministério da Saúde.
Mas se não conseguir?
Vou buscar investimento externo. Mas temos esperança de conseguir (com o Ministério da Saúde). Estamos em tratativas ainda.
O senhor ainda conta em receber esse valor?
Conto, espero e tenho quase certeza. Esses leitos seriam todos para a retaguarda para enfrentar a crise no setor.
No caso do Parque Belém, antes da eventual abertura dos leitos, tem um obra enorme a ser feita, toda recuperação da estrutura.
Em um ano a gente faz.
Não é rápido.
É uma luz no fim do túnel.
E se não vier o recurso do Ministério da Saúde?
Aí iremos atrás de outra fonte. O Vila Nova não tem recurso para fazer a obra. Estava fechado (o Parque Belém) desde 2017. A gente comprou no leilão, estamos terminando de pagar e vamos fazer. Eu posso oferecer para outros grupos, mas aí eles vêm aqui para colocar um hospital privado e o sangue do Vila Nova é SUS.

Então quando o senhor comprou, já sabia que não tinha dinheiro para fazer essa obra?
Sabia. Em 2023, a gente atendeu 45 mil internações na rede Vila Nova, não só em Porto Alegre, no Interior também. O Grupo Conceição internou 30 mil pessoas. O Clínicas, com todo dinheiro que foi lá, conseguiu internar 29 mil pessoas em 2023. Baseado nessa importância que vamos buscar esse recurso para que o Vila Nova abra mais 300 leitos na cidade.
No Parque Belém?
Sim. Com foco na redução das filas de cirurgia. Vamos abrir. Pode escrever aí que vamos abrir.

O senhor já disse isso há quase dois anos, prometeu leitos funcionando para 30 dias dias depois do leilão.
Poderia ter aberto em 30 dias com leitos de saúde mental e clínicos, mas a vigilância sanitária entende que hospital foi feito há quase cem anos, tem um banheiro por corredor, para 30 leitos, querem um por quarto.
O senhor é médico, cirurgião-geral, e visitou o local 20 dias antes do leilão. O senhor realmente acreditava que havia condições de abrir leitos em 30 dias com o prédio naquele estado?
Eu achei que tinha, porque tem uma carência grande de leitos em Porto Alegre. Mas então o município entendeu que abriríamos em uma situação melhor, com vários serviços.
O prédio está defasado, fora das normas para um hospital funcionar.
Isso. Ele tem piso português, coisa mais linda do mundo, mas hoje em dia se sabe que piso poroso não pode ser usado em hospital. E assim vai. O que tem de bom lá é a área física e a vontade nossa de fazer um belo hospital que vai ser referência nacional. A área física dele é fantástica.
Gestão em saúde
Atualmente, a presença da AHVN se estende por Arroio dos Ratos, Charqueadas, Guaíba, Taquara, Tapes, Campo Bom, Santo Antônio da Patrulha e em dois hospitais de Porto Alegre. Além disso, assumiu a gestão de 30 Unidades de Saúde na Capital.