
A saúde do papa Francisco tomou conta do noticiário após ele ser hospitalizado por conta de uma infecção respiratória polimicrobiana, quadro que evoluiu para um pneumonia nos dois pulmões. No entanto, nas últimas semanas, outro aspecto chamou a atenção do público nas aparições do Pontífice: o inchaço observado em seu rosto.
Aos 88 anos, Francisco possui um histórico de problemas respiratórios desde os 21, quando teve uma pneumonia grave e precisou retirar parte do pulmão. Apesar de poder ter relação com eventuais tratamentos, não é possível afirmar o que de fato provocou esse inchaço no líder da Igreja Católica, considerando que o Vaticano não ofereceu detalhes capazes de apontar a real causa.
De acordo com Alessandro Pasqualotto, chefe do serviço de Infectologia do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia, diversos são os fatores capazes de provocar essa aparência pelo corpo.
— Esse inchaço não parece ter relação com a infecção atual e nem tampouco com os antibióticos que ele possa estar usando. Mas, sim, talvez denote a presença de outra condição de saúde, que não está clara e não está revelada — pontua.
Mas por que uma pessoa incha?
Pasqualotto explica que o edema, popularmente conhecido como inchaço, decorre da retenção de líquido nos tecidos, que pode estar restrito a uma parte do corpo ou de forma mais generalizada. O organismo apresenta mecanismos para manter o equilíbrio dos seus líquidos internos, mas é possível que alguns elementos estimulem e favoreçam essa contenção, como: variações de pressão sanguínea, quantidade de proteínas no sangue e até obesidade, por exemplo.
Na população em geral, a condição está geralmente associada a problemas renais, cardíacos ou hepáticos. Além disso, é comum que ocorra em quem faz uso de remédios corticoides, utilizados como anti-inflamatórios. Também, pode ser observada como sintoma de reações alérgicas.
— A pessoa pode estar com alguma doença crônica ou que faça com que as proteínas fiquem mais baixas. É comum em casos de doenças no fígado ou no rim. O corpo não está conseguindo colocar para fora esse líquido todo — exemplifica o médico.
O chefe do Serviço de Pneumologista do Hospital Moinhos de Vento, Marcelo Gazzana, aponta que os corticoides são frequentemente receitados para tratamento de doenças respiratórias, como crises de asma. O uso prolongado e em quantidades significativas pode estimular esse aspecto mais inchado em locais distintos, principalmente no rosto e no abdômen, por conta de uma redistribuição de gordura.
O inchaço também é uma característica comum em mulheres grávidas, diante das alterações hormonais e por conta de eventuais variações na pressão sanguínea.
— Pode ser desde uma coisa simples, até algo mais complexo. A lista é muito grande de causas. Na conduta médica, é preciso ver se é um inchaço mais localizado ou mais generalizado. É preciso considerar se o paciente tem algum histórico de doença — adiciona Gazzana.
"Não é normal inchar"
O inchaço pode aparecer como uma irritação pequena, que não causa desconforto significativo, ou pode desaparecer em pouco tempo, motivado por alguma lesão leve, por exemplo. Nesses casos, nem sempre é motivo de preocupação.
Além disso, é importante também saber diferenciar inchaço de aumento de peso.
Contudo, diante de um contexto de início repentino de um edema, em que ele fique persistente ou discrepante em relação ao restante do corpo, ou que esteja relacionado a dor ou associado a outros sintomas, uma investigação mais detalhada torna-se necessária. Isso é válido tanto para cenários em que o inchaço ocorre de forma mais localizada, quanto generalizada pelo organismo.
— Não é normal inchar. Se está inchando, está retendo líquido. E se isso está acontecendo, é preciso entender se está ocorrendo só no rosto ou no corpo todo e o porquê. O nosso organismo não é feito para reter líquido, temos que estar eliminando — diz Alessandro Pasqualotto.
O edema pode ser um indicativo para outras questões de saúde. Um médico poderá avaliar o paciente e averiguar qual a condição e o melhor tratamento para uma eventual doença.
— O mais lógico é ir em um clínico geral primeiro. Caso seja uma causa mais específica, ele encaminha para a especialidade. Mas, muitas vezes, consegue resolver — orienta o pneumologista Marcelo Gazzana.
*Produção: Carolina Dill
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