Nove médicos que atuavam no Hospital Universitário de Canoas foram desligados da instituição nesta quarta-feira (5). A informação foi confirmada pela prefeitura do município e pela Associação Saúde em Movimento (ASM), gestora da instituição.
Para o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), a situação é uma represália após médicos da instituição suspenderem, desde sexta-feira (31), procedimentos eletivos, cirurgias e novas internações em protesto por atraso no pagamento de salários.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde de Canoas, foram demitidos três médicos contratados em regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), após o encerramento de contratos de experiência. Também foram encerrados os contratos com seis médicos que prestavam serviços como pessoas jurídicas (PJ).
Em nota conjunta, a prefeitura e a ASM afirmam que os encerramento dos contratos foram realizados porque os profissionais "não atendiam integralmente à demanda de suas posições na instituição" (leia a nota na íntegra ao final da reportagem).
Conforme o Simers nove dos 23 profissionais que aderiram ao movimento de restrição de serviços estão entre os que foram desligados da instituição. O sindicato garante que a paralisação foi parcial.
— Não houve uma greve, não houve uma suspensão do atendimento. Houve apenas uma restrição do atendimento de novas internações e isso foi, inclusive, notificado ao Conselho Regional de Medicina. Julgamos, do ponto de vista ético, que a conduta tomada pela gestão do hospital e, do ponto de vista secundário, pela Secretaria e pela Prefeitura, é inadequada e vamos tomar as condutas para proteger os médicos — afirma Marcelo Matias, presidente do Simers.
O Hospital Universitário de Canoas está sob nova gestão desde 16 de dezembro, quando a administração passou para a ASM. Até então, a responsabilidade era da prefeitura, que assumiu a instituição em maio de 2022 após problemas e denúncias de irregularidades.
No entanto, o Simers alega que há profissionais com atrasos nos salários desde outubro do ano passado, antes da troca da gestão na prefeitura. A remuneração de novembro, que deveria ter sido paga em janeiro, ainda não foi depositada, conforme o sindicato.
Conforme a prefeitura, o pagamento de novembro dos médicos na modalidade PJ será no próximo dia 15 de fevereiro. A administração afirma ainda que a quitação dos débitos sempre ocorre 60 dias após a emissão da nota pelos serviços prestados, admitindo, portanto, atraso desde o dia 1º de fevereiro.
Sobre os profissionais que não receberam os pagamentos referente ao mês de outubro, a gestão municipal afirma que, inicialmente, eles ficaram fora de um acordo firmado com a ASM e que deve haver uma nova proposta para contemplá-los.
Leia a íntegra da nota da prefeitura de Canoas
"A Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, informa que três médicos contratados em regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foram desligados do Hospital Universitário de Canoas (HU) nesta quarta-feira (5) pela Associação Saúde em Movimento (ASM) após o encerramento de seus contratos de experiência. O HU também descontinuou os contratos de seis Pessoas Jurídicas (PJ). A decisão segue o padrão de operação da empresa que assumiu a gestão da instituição em 16 de dezembro de 2024, que analisa indicadores de produtividade e assiduidade, entre outros fatores, ao avaliar o desempenho dos profissionais que prestam serviços nas instituições administradas pela empresa. Os desligamentos e o encerramento dos contratos com as empresas foram realizados porque os profissionais não atendiam integralmente à demanda de suas posições na instituição. Não há prejuízo para o atendimento dos pacientes e o HU segue atendendo normalmente".