Momento muito aguardado para crianças e adultos, a época das férias escolares e do trabalho é a oportunidade perfeita para descansar, viajar e desfrutar de vivências ao ar livre. Entretanto, possíveis desatenções e descuidos podem acabar dando dor de cabeça, porque é durante as férias que aumentam os casos de acidentes em geral envolvendo crianças e adolescentes, conforme apontam profissionais da saúde.
Um levantamento da Aldeias Infantis SOS, com dados do DataSUS, aponta que, em 2023, os acidentes envolvendo a faixa etária de zero a 14 anos no Brasil cresceram quase 8% em relação ao ano anterior. Enquanto em 2022 foram 109.988 internações causadas por lesões não intencionais, o ano seguinte registrou 119.245. Sufocação, queda, queimadura e afogamento estão entre as principais causas de hospitalizações.
O cirurgião-geral Mauro de Souza Siebert Jr., médico cooperado da Unimed Porto Alegre, explica que este incremento de acidentes se dá justamente pela maior frequência de atividades fora de casa, em razão da influência do verão na disposição.
— No inverno, cai um pouco essa questão do exercício físico, então (no verão) a gente quer sair um pouco mais pra rua. Às vezes, o pessoal quer correr, caminhar, andar de bicicleta e acaba tendo uma queda — comenta Siebert Jr.
O médico destaca que, durante os atendimentos, escuta muitos comentários sobre a ausência de estrutura destinada para a prática de exercícios, exigindo atenção quanto ao local em que está pisando e ao calçamento, por exemplo. Para isso, ele sugere procurar fazer exercícios em locais próprios para a atividade, como pistas de caminhada e ciclovias. Ainda sobre a desatenção, outro fator que causa acidentes é o uso simultâneo do celular.
— Infelizmente, hoje em dia, a gente vê quedas, atropelamentos (em razão do celular), mas isso não é sazonal, é um vício mundial e não tem idade. Sempre orientamos evitar o uso ao mesmo tempo, não fazer duas coisas simultaneamente — alerta o cirurgião-geral.
Apesar de ser o local que remete à segurança para qualquer pessoa, dentro de casa alguns riscos também podem ser encontrados, especialmente para os mais jovens. Siebert Jr. alerta que tapetes e quinas de móveis exigem cuidado redobrado tanto para quem tem criança quanto para moradias de idosos, além de piscinas, que podem causar queda ou afogamentos. E os mesmos cuidados valem para locais temporários, como hotéis e casas alugadas.
O cirurgião pediátrico Adyr Eduardo Virmond Faria, médico cooperado da Unimed Porto Alegre, acrescenta que o número de acidentes com queimaduras e choques elétricos também tem aumento nesta época do ano.
— Para evitar isso, é necessário utilizar acessórios de segurança para bicicletas e skates, cintos de segurança, cuidados com líquidos e alimentos quentes (chimarrão) e avaliação de locais perigosos como mar e rio — diz Faria.
Os sintomas de alerta para buscar atendimento médico são comuns a todas as idades. Porém, o médico do setor pediátrico reforça que, para crianças, o choro persistente é uma forma de manifestação de que algo não vai bem. Os sintomas gerais são sangramento ativo, dor abdominal, dor de cabeça persistente pós-trauma, tontura, palidez, alterações da respiração, desmaio e sonolência excessiva durante o dia.
Precauções para todas as idades
Atenção na hora de mergulhar
Verificar a profundidade da água antes de mergulhar é muito importante para evitar lesões na coluna cervical ou até paralisias. Entre em rio, lagoa, mar ou piscina de forma segura, usando equipamentos de proteção como traje adequado, boia infantil e máscara de mergulho.
Brincadeiras na areia e as lesões
Corridas, saltos, jogos e até caminhadas podem causar lesões e fraturas. Pedras e conchas podem causar cortes. Cuide ao pisar no chão e evite fazer atividades físicas sem aquecimento. Pedras e bordas podem ser escorregadias.
Proteja-se durante atividades físicas
Quando for pedalar, andar de patinete ou de patins, seja criança ou adulto, use equipamentos de proteção como capacetes, tornozeleiras e cotoveleiras. O tradicional futebol também deve ter cuidados, principalmente em choques físicos.
Medicamentos, produtos químicos e objetos cortantes longe de crianças
Tranque o armário de medicamentos, vitaminas, antissépticos bucais e demais produtos que ofereçam perigo de intoxicação. O mesmo vale para locais onde tesouras, facas e objetos cortantes em geral são guardados. Produtos de limpeza devem ser armazenados em lugares altos ou trancados. Além disso, deve-se mantê-los em seus recipientes originais para não confundir as crianças. Por serem muitas vezes coloridos, os pequenos podem pensar que são sucos ou refrigerantes.
Perigo também dentro de casa
Pisos escorregadios e tapetes oferecem risco de quedas. O ideal é colocar antiderrapante nos tapetes ou retirá-los do ambiente. Use as bocas de trás do fogão e certifique-se de que os cabos das panelas estejam virados para dentro, para não serem alcançados pelas crianças. Além disso, substitua fios elétricos desencapados e proteja tomadas com tampas e fita isolante.
Piscina sempre supervisionada e de difícil acesso
Piscinas devem ser protegidas com cercas de no mínimo 1m50cm, que não possam ser escaladas e com portões com cadeados ou trava de segurança que dificultem o acesso dos pequenos. Quando a criançada for usar a piscina, a supervisão de um adulto o tempo todo é essencial.
Bebê conforto, cadeirinha ou assento de elevação, sempre
Do nascimento até 13kg, o uso do bebê conforto é obrigatório. Mas, a partir dos 9kg, é possível também usar a cadeira de segurança. Já dos 15kg até os 36kg, é obrigado a ser usado o assento de elevação. Crianças acima de 36kg e com, no mínimo, 1m45cm de altura ficam liberadas a usar apenas o cinto de segurança.
Fontes: ONG Criança Segura, Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico e Médicos Cooperados da Unimed Porto Alegre Adyr Eduardo Virmond Faria (cirurgião pediátrico) e Mauro de Souza Siebert Jr. (cirurgião-geral).
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