Casos recentes de envenenamento, como os registrados em Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul, e em Parnaíba, no Piauí, chamam atenção para os perigos da intoxicação química. A condição pode apresentar sintomas inespecíficos e, em alguns casos, ser fatal. Especialistas reforçam que, diante da suspeita de exposição, é necessário buscar ajuda médica imediatamente.
No Rio Grande do Sul, segundo dados do Centro de Informações Toxicológicas (CIT) da Secretaria Estadual de Saúde (SES/RS), medicamentos são a principal origem dos casos de intoxicação química.
Segundo Sabrina Nascimento, farmacêutica bioquímica do CIT, casos de envenenamento por agrotóxicos também são comuns no Estado, que, por ter um setor agroindustrial forte, usa muitos pesticidas.
A farmacêutica pontua que, sem uma história clínica por trás dos sintomas, fica difícil bater o martelo sobre qual o tipo de envenenamento, uma vez que alguns sintomas podem ser facilmente confundidos entre si e com outras condições.
— Os primeiros sinais de envenenamento dependem muito de qual a subfase química envolvida. Os agrotóxicos ou metais têm sintomatologias diferentes. Normalmente, são sintomas bem inespecíficos. O paciente pode apresentar vômito, náusea, diarreia, cefaleia ou, que nem no caso do chumbinho, sintomas respiratórios e musculares. Algumas substâncias químicas podem causar o cheiro de alho na boca ou uma coloração mais azulada nas extremidades — acrescenta Sabrina.
Primeiros socorros
Nos casos de Torres e Parnaíba, o envenenamento foi causado por ingestão. Bruno Santos, toxicologista, explica que também há intoxicação química por inalação, como na Boate Kiss, por exemplo, e por contato direto com a pele, que também pode ocorrer com agrotóxicos. Esses tipos são menos comuns, garante o especialista.
Ao suspeitar da exposição a substâncias tóxicas, o mais recomendado é procurar ajuda médica. Santos ressalta que beber leite ou induzir o vômito, práticas amplamente difundidas entre leigos e frequentemente utilizadas como tentativa de tratar a condição, podem ser prejudiciais se feitas fora de um ambiente controlado — em casa, sem acompanhamento médico.
— O que resolve 99% das intoxicações é o tratamento de suporte e sintomático. Ele vai tratar o que a pessoa está tendo. Então, a partir disso, se a pessoa está apresentando um aumento dos batimentos cardíacos, o que vai ser feito no hospital é tratar esse ataque cardíaco. Dependendo do que a pessoa estiver apresentando, vamos direcionar ali os primeiros socorros — explica o toxicologista.
Onde buscar ajuda?
O CIT conta com um telefone para prestar informações em relação à prevenção, primeiros socorros e medidas que possam minimizar o efeito de qualquer exposição a agentes tóxicos. O contato funciona 24 horas por dia e pode ajudar a população com orientações até o atendimento de um profissional de saúde. Para acessar o serviço, basta ligar para 0800-721-3000.
Além disso, os especialistas indicam que os pacientes chamem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), número 192, e procurem um hospital ou um pronto atendimento para conseguir iniciar o tratamento e receber as orientações adequadas.