O setor de saúde passa por momento de transformação relevante, especialmente por conta do conceito Value Based Healthcare (VBHC), em português, cuidados de saúde baseados em valor. O diferencial está no atendimento, mais centrado no paciente, que indica suas preferências.
Conforme destaca o médico líder do Escritório de Valor da Unimed Porto Alegre, Marcelo Haertel Miglioranza, nesta abordagem, o profissional da saúde necessita entender o grau de satisfação a partir do procedimento realizado.
Para facilitar o entendimento, Miglioranza, que é cardiologista, exemplifica. Em um caso em que um paciente esteja com uma estenose valvular aórtica (doença cardíaca que provoca o estreitamento da abertura da válvula aórtica), dependendo da sua idade, o fluxo de sangue do coração pode estar prejudicado. Para resolver este problema mecânico, pode ser necessária a substituição desta válvula, implicando em uma cirurgia mais complexa.
No modo convencional, o médico faria todas as escolhas e o paciente não teria o envolvimento. Já nesta outra abordagem, a tomada de decisão é feita de forma conjunta.
— Posso indicar colocar uma prótese biológica ou uma mecânica e, caso seja a última opção, o paciente terá que tomar anticoagulante para o resto da vida. No entanto, não precisará mais trocar a prótese. Ou seja, ele se empoderou e participou da decisão final — diz.
Dor lombar
A dor lombar é a principal causa que afeta a vida de muitas pessoas e limita a capacidade de realizar atividades rotineiras, segundo aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda conforme dados da OMS, em 2020, um a cada 13 indivíduos no mundo – cerca de 619 milhões de pessoas – teve pelo menos um episódio deste problema. Nas próximas décadas, esta dor pode crescer, afetando 843 milhões de pessoas em 2050.
Para minimizar este tipo de enfermidade, a Unimed Porto Alegre criou a Rede de Cuidado Dor Lombar baseada em Valor, que atende o paciente de forma abrangente, com atenção multiprofissional e coordenação de cuidado.
A superintendente de Provimento de Saúde e responsável pelo programa Viver Bem da Unimed Porto Alegre, Daniela Medeiros, reforça que cada pessoa possui um objetivo diferente e, para verificar se um tratamento gerou valor ou não, é necessário um olhar para o que é almejado pelo paciente.
— Se você tem uma dor lombar e é um maratonista, o objetivo pode ser voltar a correr e ter novamente a performance para participar de maratonas. O paciente combina o desfecho esperado e é acompanhado com a coleta destes dados. Essa é a lógica dos cuidados de saúde baseados em valor — diz.
Já o neurocirurgião e gestor do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Mãe de Deus, Luiz Felipe de Alencastro, explica que o paciente que for atendido dentro da Rede de Cuidado Dor Lombar baseada em Valor terá seu tratamento otimizado. Ele iniciará sua jornada por meio de um especialista da coluna, seguindo para a realização de exames, consultas com fisioterapeuta e revisões com datas específicas.
Ele comenta que muitos pacientes ficam somente consultando nas emergências quando a dor está mais acentuada, sem fazer a outra parte do tratamento ambulatorial (no consultório médico), que é muito importante. Logo, o objetivo da Rede é possibilitar que a pessoa retorne às suas atividades diárias, sem dor, sem limitações funcionais e com menor possibilidade de voltar a ter dor no futuro.
Atenção individual
Para isso, são aplicados protocolos de manejo de dor, fisioterápico e tratamento cirúrgico, caso este último seja necessário. Em cada etapa do tratamento, existem escalas de acompanhamento (medindo dor, capacidade motora, atividade laboral e satisfação). Com base nos resultados obtidos, pode-se otimizar o tratamento de forma individualizada e personalizada.
Alencastro, que também é médico cooperado da Unimed Porto Alegre, salienta que o manejo da maioria das doenças caminha neste sentido, desde que se respeitem os protocolos de cuidado estabelecidos em estudos clínicos bem conduzidos. Além disso, é importante observar as características de cada paciente.
— A dor lombar tem inúmeras causas, como sedentarismo, postura, obesidade, processos degenerativos, entre outras. Assim, dois pacientes com dor lombar aparentemente semelhante podem precisar de manejos completamente diferentes — conclui.
* Produção: Padrinho Conteúdo