A insuficiência ou resistência à ação da insulina, hormônio que regula os níveis de glicose no sangue, pode desencadear quadros de diabetes. Apesar de potencializar complicações em outros órgãos, como no coração, nos olhos, rins e artérias, se tratada da forma adequada, a doença pode ser controlada.
A diabetes se manifesta de diferentes formas. A doença doença é classificada conforme sua fisiopatologia em tipo 1 e tipo 2. Os sintomas mais frequentes são de sede e vontade de urinar frequentes.
— A grande diferença está nos mecanismos que desencadeiam a diabetes. No tipo 1, que é autoimune, geralmente acontece no início da infância ou da adolescência e há necessidade de tratamento com doses de insulina. O tipo 2 aparece na fase adulta, em pessoas com histórico de sedentarismo, são casos que a pessoa produz insulina e não consegue aproveitar — explica Luciana Schreiner, endocrinologista do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e professora da Escola de Medicina da instituição.
Além de dosar a taxa de glicose no sangue, a insulina é o hormônio responsável por realizar a quebra das moléculas do açúcar e transformá-las em energia para o corpo. Em casos do tipo 1, os pacientes não produzem insulina, enquanto no tipo 2 há produção de insulina, mas o hormônio não funciona de forma eficiente.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes estima que mais de 13 milhões de pessoas vivam com a doença, o que representa 6,9% da população. No panorama mundial, a Internacional Diabetes Federation (IDF), que organiza o Atlas da Diabetes, projeta que 700 milhões de pessoas serão diagnosticadas com a condição nos próximos anos.
— Tem um dado interessante, em nível mundial, de que metade dos pacientes que tem diabetes não sabem. E dos que tem, metade não se trata. Temos visto um aumento no número de casos. É quase uma pandemia de diabetes — revela.
Sinais e fatores de risco
O desenvolvimento de quadros de diabetes e as complicações de casos já diagnosticados estão diretamente ligados ao “estilo de vida do paciente”, conforme a endocrinologista. O sedentarismo e o consumo excessivo de bebidas açucaradas são alguns dos fatores de risco, assim como o tabagismo.
— Temos que prestar a atenção nas pessoas que estão acima do peso, especialmente na região do abdômen. O histórico familiar também é um importante fator de risco — destaca.
De maneira geral, os sinais são comuns em ambos os tipos de diabetes. Apesar disso, a endocrinologista ressalta que em casos do tipo 2 os sinais podem não ser tão claros e o paciente deve procurar um médico imediatamente ao notar cansaço e indisposição aliados de sede e fome frequente. Confira os principais sinais da diabetes:
- Fome frequente (comer e não engordar)
- Sede constante (boca seca)
- Aumento na vontade de urinar, especialmente durante a noite
- Nível de glicose alto no sangue
- Cansaço e indisposição
- Crianças nascidas com mais de quatros quilos e com mães que tiveram diabetes na gravidez
Tratamento
O tratamento varia de acordo com cada paciente e com o tipo de diabetes. Pacientes do tipo 1 necessitam da reposição diária de insulina, enquanto casos do tipo 2 são tratados a partir do aproveitamento adequado do hormônio que o corpo já produz.
Conforme Schreiner, casos não tratados podem reduzir em até oito anos a expectativa de vida do paciente.
— Quem trata, consegue ter uma vida longa. Difícil que se morra exclusivamente de diabetes, ela não mata sozinha. Geralmente é associada com pressão alta, colesterol alto, infarto ou diálise, mas isso são de casos com complicações.
Pessoas diagnosticadas com tipo 1 recebem um tratamento “mais objetivo”, em que realizam a injeção diária de insulina. No tipo 2, há uma série de remédios alternativos, além da necessidade de exercícios físicos.
— O tipo 1 é só pode se tratar com a injeção de insulina, é preciso repor o que está faltando em cada refeição. No tipo 2, temos muitas opções de terapia, desde a metformina, que é um jeito de aumentar o aproveitamento da insulina que estamos produzindo, e com hormônios que facilitam a entrada na célula — explica.
*Produção: Lucas de Oliveira