“A gente tem visto até criança com crise de ansiedade”. A frase ouvida por membros da comitiva coordenada pelo Ministério da Saúde em visita ao Hospital de Campanha em Roca Sales nesta quinta-feira (21) revela a principal demanda que tem surgido nos atendimentos médicos: a saúde mental, que recebe tanta atenção quanto casos de infecções, diarreia e até leptospirose que surgiram após a enchente.
— Na Força Nacional do SUS, que tem experiência de 10 anos, já atendemos várias tragédias. E essa questão da saúde mental é algo que fica muito tempo. Então isso depois terá que ser assumido, e o Ministério da Saúde vai financiar isso — prometeu o secretário nacional de atenção especializada Helvécio Miranda Magalhães Júnior, que visitou os municípios atingidos pela enchente no Vale do Taquari.
Conforme os agentes públicos ouvidos pela reportagem, há inclusive diagnóstico de crise de ansiedade em pessoas que chegam com outros sintomas clínicos, como dores, problemas respiratórios e até febre.
— E eu acredito que vai ter um aumento bastante significativo com o decorrer dos dias, porque as pessoas vão ajeitando suas casas, então a tendência é de que isso aumente— declarou a secretária municipal de saúde de Roca Sales, Raquel Andres Oestreich, que avalia que para muitas pessoas a “ficha ainda não caiu”.
Entre a equipe mobilizada pela Força Nacional do SUS, há um reforço na equipe de psicólogos e psiquiatras, que passam também a realizar a busca ativa por pessoas em áreas rurais, mais distantes dos pontos de apoio.
— Além de perdas familiares, houve perda de patrimônio, perda das empresas, da casa. É natural que as pessoas caiam em uma certa depressão — declarou Gilberto Barrichello, diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição que enviou 36 profissionais da saúde para atendimento na região, entre eles, cinco psicólogos.
Essa equipe realizou quase 1,7 mil atendimentos em Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Estrela e Salto do Jacuí.