Em três décadas, a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares a cada 100 mil habitantes diminuiu 53,3% no Rio Grande do Sul, conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Em 1990, cerca de 19,7 mil gaúchos morreram em decorrência de enfermidades como infarto, acidente vascular cerebral e cardiopatia hipertensiva, gerando um índice de 360,4 (a cada 100 mil pessoas). Já no ano anterior ao início da pandemia no Brasil, 25,7 mil pessoas faleceram e, devido ao aumento da população, a taxa caiu para 168,3 a cada 100 mil. Os dados foram extraídos dos arquivos brasileiros de cardiologia e divulgados pela entidade nesta sexta-feira (29), em alusão ao Dia Mundial do Coração.
Os números apresentados pela SBC mostram que a incidência de doenças cardiovasculares por 100 mil habitantes também reduziu no Estado. Entre 1990 e 2019, essa taxa passou de 615,4 para 482,5, uma queda de 21,5%.
Ao considerar os dados nacionais, o cenário é semelhante: as taxas proporcionais apresentam reduções significativas, embora tenha havido aumento em números absolutos. Em 1990, a incidência de novos casos de doenças cardiovasculares ficou em aproximadamente 594 mil pessoas, enquanto em 2019 saltou para quase 1,1 milhão de indivíduos, acompanhando o crescimento da população brasileira.
No cálculo por 100 mil habitantes, contudo, incidência caiu de 593,7 para 475 no mesmo período — uma redução de quase 20%. De acordo com a SBC, essa queda foi observada em todos os Estados brasileiros. Além disso, Minas Gerais foi o único que manteve o índice acima de 500 indivíduos.
A taxa de mortalidade proporcional no Brasil, assim como no Rio Grande do Sul, apresenta uma redução acima de 50%, atingindo 175,7 pessoas a cada 100 mil habitantes em 2019. Apesar da diminuição, a entidade ressalta que mais de 300 mil pessoas morreram em função de doenças cardiovasculares no território brasileiro somente neste ano. Em todo o mundo, anualmente, são mais de 7 milhões de óbitos decorrentes dessas enfermidades.
Alagoas, Maranhão, Pernambuco e Tocantins são os únicos Estados em que a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes está acima de 200.
— Proporcionalmente os números mostram um grande avanço graças a vários fatores positivos combinados. O acesso a procedimentos cada vez mais eficientes tem crescido substancialmente. Entretanto, precisamos avançar nos cuidados com a prevenção para que possamos ter impacto nos números absolutos — destaca o cardiologista Paulo Caramori, que é conselheiro administrativo da SBC e chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital São Lucas da PUCRS.
Doenças cardiovasculares que mais matam
Os dados compilados pela SBC mostram ainda que o infarto do miocárdio é a doença cardiovascular mais mortal no Brasil e no mundo. Em 2019, foram 75 mortes por essa enfermidade a cada 100 mil habitantes. Em seguida, aparecem 58 óbitos por doenças cerebrovasculares e 13,4 por cardiopatia hipertensiva, sempre na proporção por 100 mil habitantes.
A cardiomiopatia e a miocardite, somadas as doenças cardiovasculares circulatórias, fecham o grupo das cinco doenças cardiovasculares responsáveis pelo maior número de mortes no país (9,4 e 4,6, respectivamente). Para Caramori, pacientes e médicos que tratam problemas de saúde que se apresentam inicialmente de forma imperceptível — como pressão alta, colesterol elevado e açúcar no sangue elevado — farão muita diferença no enfrentamento de doenças cardiovasculares.
— Isso fará com que as manifestações não ocorram ou demorem muito mais para ocorrer, garantindo que tenhamos um período de vida de qualidade prolongada, de maneira que não fiquemos doentes. E, ao ficar, novamente, a tecnologia médica tem progredido muito e sempre será capaz de tratar as pessoas que apresentam sintomas e doenças — finaliza o especialista.