Mais de dois meses depois de ter sido entregue para a Associação Hospitalar Vila Nova, o Hospital Parque Belém tem a reabertura adiada para o final do ano. A estrutura localizada na zona sul da Capital foi arrematada pela associação em um leilão e foi liberada em junho deste ano para o começo da reforma no que será chamado de Hospital Sinos de Belém. Segundo o diretor Dirceu Dal'Molin, está em discussão com o Ministério da Saúde um convênio para alavancar a operação.
A intenção era de que fosse aberta parte da internação psiquiátrica, dependentes químicos e leitos clínicos até julho de 2023. No entanto, pouca coisa mudou desde que a nova gestora assumiu e não há nenhum setor funcionando neste momento. Há reparos sendo feitos em áreas de leitos clínicos que já estão com uma estrutura melhor, que e devem ser as primeiras a receber pacientes.
A maior parte das salas ainda apresenta resquícios dos antigos ocupantes. Ao caminhar pelos corredores, é fácil encontrar macas, colchões, equipamentos e até roupas hospitalares que permaneceram no local a partir do fechamento do hospital. Ainda não há funcionários realizando trabalho de obras mais pesado, com tijolo e cimento.
Dirceu Dal'Molin aponta entraves burocráticos como o principal motivo para o atraso na reabertura, além da dificuldade de obter recursos em um primeiro momento.
— Todo o processo de abertura de leitos via SUS demora mais, tem muitos documentos e processos. Mas, semana passada, tivemos uma reunião com o Ministério da Saúde. Vamos fazer um convênio a nível de Brasília, com o respaldo aqui de Porto Alegre. Os serviços seriam federais, com um controle municipal e estadual – explica o diretor.
A administração projeta criar, neste prazo inicial, quase 300 novos leitos no total, entre privados e SUS. Já a médio prazo, a promessa é de um hospital operando em 70% da capacidade pronto até o começo do ano que vem e 100% até o final de 2024, conforme Dal'Molin.
Falência, leilão e decisões judiciais
Fechado desde 2017 e com dívidas trabalhistas, o estabelecimento foi arrematado por R$ 17,4 milhões. A estrutura adquirida inclui o edifício e mais três hectares, onde funcionarão estacionamento e salas de apoio.
A disputa de lances teve como objetivo de arrecadar dinheiro para pagamento de 243 ex-funcionários demitidos pela antiga administração da instituição. O valor, contudo, é insuficiente — a dívida soma R$ 30 milhões. O tribunal deverá leiloar os demais terrenos pertencentes aos ex-proprietários do hospital, localizados no entorno do prédio. A expectativa de Dal'Molin é de que todos sejam remunerados ao final do processo.
Em maio, o leilão chegou a ser homologado no início de maio, contudo, o antigo proprietário e uma empresa, que alega ter valores a receber, entraram com um recurso para embargar o arremate. Como se tratava de um hospital e havia interesse público na sua reabertura com a maior brevidade possível, o coordenador do Juízo Auxiliar de Execução do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), juiz Carlos Ernesto Maranhão Busatto, determinou a imissão na posse imediata, antes mesmo do julgamento dos recursos apresentados pela administração.
— A gente está aguardando a imissão de posse definitiva do local pelo tribunal. Em princípio, está tudo encaminhado, a menos que haja algum novo recurso — afirma Dal'Molin.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, um plano do que é necessário para abrir o hospital será estruturado, mas não há nada concreto. A Secretaria da Saúde do Estado foi contatada, mas não respondeu até o fechamento dessa reportagem.