Os produtos utilizados para alisar o cabelo aumentam o risco de câncer de útero, revelou um novo estudo publicado nesta semana. As mulheres que usam essas substâncias com frequência, maior do que quatro vezes por ano, têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer de útero, principalmente câncer de endométrio. Essa doença não deve ser confundida com câncer de colo do útero.
Os pesquisadores não coletaram informações sobre produtos e marcas específicas, mas apontam que várias substâncias químicas presentes nesses tipos de produtos podem contribuir para o aumento do risco de câncer: parabenos, bisfenol A, metais ou até mesmo formaldeído. Este último, conhecido popularmente como formol, é usado para o chamado alisamento brasileiro.
— Estimamos que 1,64% das mulheres que nunca usaram um produto para alisar o cabelo terão desenvolvido câncer de útero aos 70 anos. Mas, para as usuárias frequentes, esse risco aumenta para 4,05% — estima em comunicado Alexandra White, principal autora deste estudo publicado no Journal of the National Cancer Institute na segunda-feira (17).
O estudo se baseia em dados de 33.500 mulheres americanas, acompanhadas por quase 11 anos.
— A duplicação dessa taxa é preocupante — acrescenta Alexandra. Ainda assim, o câncer uterino é relativamente raro, representando cerca de 3% dos novos casos de câncer nos Estados Unidos.
Como as mulheres negras usam esses produtos com mais frequência e tendem a começar mais jovens, "esses resultados podem ser particularmente interessantes para elas", disse Che-Jung Chang, co-autora da pesquisa.
Aproximadamente 60% das mulheres que afirmaram ter usado produtos de alisamento no ano passado se identificaram como negras.
Em comparação com outras categorias, os produtos para alisar o cabelo podem promover a absorção de substâncias químicas por meio de lesões ou queimaduras no couro cabeludo, ou através do uso de chapinhas, cujo calor decompõe as substâncias, aponta o estudo.
Outros estudos já estabeleceram uma ligação entre alisadores e um maior risco de câncer de mama.