Um comunicado relacionando implantes de mama a casos de câncer, emitido pelo FDA, órgão regulador de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, causou apreensão entre mulheres que têm próteses ou pretendem colocá-las.
O texto, divulgado na última quinta-feira (8), alerta para o risco do surgimento de tumores na cápsula (tecido fibroso formado naturalmente pelo organismo após a cirurgia) que envolve próteses de todos os tipos, mas as ocorrências ainda são raras.
O informe se refere a menos de 20 casos de carcinoma de células escamosas e menos de 30 linfomas variados. Anteriormente, o FDA já havia chamado a atenção para linfomas de grandes células, também de registro incomum.
Fazer esse acompanhamento é uma prática regular. “Ainda que o FDA acredite que a ocorrência de carcinoma de células escamosas e linfomas na cápsula ao redor do implante de mama possam ser raros, profissionais de saúde e pacientes que estejam considerando colocá-los devem saber sobre esses casos”, diz a agência americana. A incidência e os fatores de risco ainda são desconhecidos.
Andréa Pires Souto Damin, mastologista e chefe do Serviço de Mastologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), avalia que o comunicado do FDA não é preocupante. Trata-se de informações que devem ser levadas em conta e acompanhadas daqui por diante. Os dados são preliminares e faltam detalhes. Mais informações devem ser conhecidas com o tempo.
— É um alerta de cuidado. Ninguém precisa entrar em pânico. Não tem que sair correndo e tirar a prótese nem decidir não colocar por causa disso. Não é uma contraindicação. Tem esse risco (de câncer), que é superbaixo, mas esse risco existe. Deve-se estar ciente de que, como todas as coisas na medicina, há riscos e benefícios — comenta Andréa.
Mulheres com prótese mamária precisam realizar consultas de revisão anualmente. Segundo Andréa, esse acompanhamento deve ser feito, de preferência, com um mastologista, mas o médico de referência também pode auxiliar. O ideal é que o controle seja com ecografia mamária. A paciente deve ficar atenta a mudanças como abaulamentos nos seios.
Os cuidados para quem pretende se submeter ao procedimento começam com exames. A mastologista Maira Caleffi, chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento e presidente voluntária do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), destaca que é preciso fazer um rastreio para verificar se há problemas.
— Temos que ter absoluta certeza de que não aparece nada em mamografia, ultrassom e, em alguns casos, ressonância magnética. A avaliação com um mastologista seria uma ótima maneira de fazer isso. Ele sabe, de acordo com a história da paciente, os riscos e a idade, que exames têm de ser feitos. O cirurgião plástico pode pedir exames mas não saber interpretá-los — comenta Maira.
A partir da colocação da prótese, pode haver problemas de curto, médio e longo prazo. No período pós-cirúrgico, existe o risco de infecções e seromas (acúmulo de líquido), por exemplo. Mais adiante, a paciente pode sofrer contratura de prótese. Exames de rotina como a mamografia precisam ser mais detalhados para quem tem implante.
— Toda mulher que coloca prótese, independentemente da idade, torna-se paciente de um mastologista. Quem vai determinar a frequência da mamografia e dos outros exames é o mastologista. Geralmente, uma vez por ano. Precisa ter acompanhamento — frisa Maira.
O ideal, na opinião da especialista, seria uma parceria multidisciplinar para acompanhamento dessa paciente: ginecologista, cirurgião plástico e mastologista:
— Às vezes, eles têm de se falar entre eles antes e depois do procedimento.