Defender a amamentação e incentivar mães a não terem vergonha de alimentar os filhos em público. Esses foram dois dos principais objetivos da Hora do Mamaço, evento que ocorreu no Parque da Redenção, em Porto Alegre, na tarde deste sábado (6).
A atividade foi organizada pela Associação Gaúcha de Consultoras em Aleitamento Materno (Agacam) em alusão ao Agosto Dourado, o mês de apoio à amamentação. A cor faz referência ao "padrão ouro" de qualidade do leite humano. Além disso, o encontro integra as atividades da Semana Mundial da Amamentação.
As participantes do ato na Redenção conversaram sobre o tema e também foram orientadas com exercícios. De acordo com Cristina Machado, presidente da Agacam, o objetivo da Hora do Mamaço é dar suporte a mulheres e reforçar a importância e os benefícios da amamentação.
— Existe um mito que amamentar é feio, que não é certo fazer isso em público, que é uma coisa privada. Há uma hipersexualização dos corpos femininos, tem gente que fica horrorizada quando se dá conta que os seios foram feitos para amamentar. Quanto mais pessoas verem mães amamentando na rua, mais mulheres se sentirão incentivadas a adotar essa prática — diz.
Renata Muliterno Adamy, 38 anos, biomédica e consultora de amamentação, foi uma das participantes do evento. Ela é mãe de duas meninas e comenta que, além do benefício nutricional, amamentar ajuda a estabelecer uma relação mais próxima com a criança.
— Uma das coisas mais importantes sobre o aleitamento é que ele seja feito sempre que o bebê quiser, e não em um horário específico. Então, terá que ser onde estivermos e, por isso, temos que acabar com o estigma de que amamentar em público não é uma coisa natural — ressalta.
De acordo com a Aliança Mundial para a Ação da Amamentação, o leite materno é "perfeito e adequado para a nutrição e necessidades imunológicas de uma criança e ajuda a prevenir infecções." Essa é a mesma opinião da nutricionista Aline de Freitas da Rosa, 33, que também participou do encontro na Capital.
Mãe de um menino, Aline relata episódios de "olhares constrangedores" quando amamenta em público. No entanto, reforça o "absurdo" que é enfrentar essa situação e defende o ato como uma forma de incentivar outras mães a fazerem o mesmo.
— O leite materno é um dos alimentos mais completos para o bebê. As fórmulas ajudam a substituir quando tem necessidade, são muito importantes em determinados contextos, mas igual ao leite (materno) não há. Amamentar é um processo natural de gestar, criar e ser mãe. Temos que naturalizar isso, porque não é algo pervertido, não tem conotação sexual — pontua.
Semana de conscientização
O lema da Semana Mundial da Amamentação deste ano é "Fortalecer a amamentação: educando e apoiando". A campanha é promovida, em todo o mundo, pela Aliança Mundial para a Ação da Amamentação (Waba, na sigla em inglês).
Conforme Ministério da Saúde (MS), a iniciativa visa fortalecer o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e a continuidade até os dois anos ou mais. A meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de aumentar em 50% a taxa de aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida até 2025. A OMS estima que apenas 39% dos bebês brasileiros são amamentados com exclusividade até os cinco meses.
A instituição defende que ato promove o vínculo entre mãe e filho, proporciona a segurança alimentar das crianças desde o início da vida, além de contribuir para a segurança alimentar da família. A OMS ainda destaca que o aleitamento materno favorece a menor prevalência de doenças infecciosas e contribui para reduzir casos de obesidade, dislipidemias e doenças alérgicas.