Quando o assunto é amamentação, quem já passou pela experiência sabe: nem sempre é fácil, especialmente nos primeiros dias de vida do bebê. Mas mesmo diante de dificuldades, é preciso observar alguns pontos antes de desistir e, algumas dicas, podem ajudar.
Mesmo que não possam ser evitadas, as dificuldades podem, sim, ser solucionadas. Por isso, há técnicas para amamentar.A primeira é compreender como deve ser o posicionamento e a "pega" do bebê: ele precisa estar barriga com barriga com a mãe, que também deve estar em uma posição confortável, e abocanhar a aréola, não só o mamilo.
— A boca dele tem de estar com o lábio virado, que chamamos de boca de peixe, e o mamilo tem de ficar acima da língua do bebê. Quase não enxergamos a aréola quando o bebê tem uma boa pega. Mas, para isso, ele tem que estar acordado. Então, se ele está sonolento, precisamos acordá-lo para que ele consiga fazer uma pega adequada, sem lesionar o peito — orienta Michele da Rosa Ferreira, consultora em amamentação e enfermeira neonatal do Hospital Nossa Senhora da Conceição.
Em casos de empedramento, deve-se fazer massagem nas mamas para escoar o leite. Essa massagem — circular e em todo o peito — deve ser feita antes de amamentar, porque fica mais fácil de ele sugar o leite e extraí-lo por completo.
De acordo com a consultora, não é recomendado usar máquinas para extrair o leite em excesso, porque elas fazem muita pressão e podem machucar a mãe. O ideal é deixar a criança sugar com mais frequência ou fazer a extração manual.
A história de Débora Queiroz Nunes, 40 anos, servidora pública e psicóloga, é um exemplo de que é sempre importante buscar solucionar o problema. Ela conta que passou por dificuldades nas primeiras tentativas de amamentar o filho, Caetano, logo depois que ele nasceu, em 2019. Apesar da dor e do incômodo, encontrou ajuda e conseguiu lidar com o aleitamento de uma forma melhor. Hoje, Caetano tem três anos e passa pelo desmame gentil, que respeita o tempo da criança. Clique aqui para conhecer a história dos dois.
Semana de conscientização
Criada em cerca de 120 países para reforçar a importância da amamentação, a Semana Mundial do Aleitamento Materno ocorre entre os dias 1º e 7 de agosto, dando início à campanha de conscientização Agosto Dourado. Roberta Aguiar Sarmento, nutricionista clínica que atua na área Materno-Infantil do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), enfatiza que o leite materno é o alimento mais completo e específico para a alimentação das crianças, principalmente recém-nascidos e bebês de até seis meses.
— Não há leite fraco, ele sempre é capaz de nutrir o bebê, porque oferece tudo o que é necessário em termos de nutrientes. Além disso, possui fatores não nutricionais, que são anticorpos e células vivas, ou seja, tem um papel protetor também para o bebê — afirma.
Um bebê alimentado exclusivamente com o leite materno até os seis meses tem menos risco de desenvolver infecções, doenças do trato respiratório, problemas intestinais e alergias alimentares, aponta a nutricionista. E, além do efeito a curto prazo, que é a nutrição, ajuda a prevenir doenças crônicas não transmissíveis depois, como diabetes, hipertensão e obesidade.
Roberta esclarece ainda que o leite varia muito pouco de uma mãe para outra em termos de calorias, ou seja, uma mulher magra também vai produzir um alimento forte para o seu bebê. O importante é manter uma alimentação variada e saudável e não desistir da amamentação em caso de dificuldade, como quando a criança não atinge o peso ideal nas primeiras semanas:
— Muitos casos de desmame acontecem no início, porque o bebê não ganhou peso suficiente em função da pega incorreta. Mas é uma questão de adaptação, tem de corrigir para que não ocorra o desmame.
A amamentação exclusiva deve ocorrer até o sexto mês. Depois, começa a fase de introdução alimentar, que dura 18 meses. Mas, nesse período, o leite materno continua sendo o principal alimento pelo menos até a criança fazer um ano, explica Roberta, ressaltando que o recomendado é manter como alimento complementar até os dois anos.