Quem recebeu a vacina contra covid-19 da Janssen, fabricada pela Johnson & Johnson, deve se atentar à aplicação de novas doses. Apresentado inicialmente como aplicação única, o imunizante recebeu novas orientações do Ministério da Saúde, e o esquema vacinal de quem recebeu a dose primária da Janssen ficará mais parecido, em número de aplicações, de quem recebeu a vacina de outros fabricantes.
Até então, pessoas acima de 18 anos que tomaram uma dose da Janssen deveriam aguardar 60 dias para o primeiro reforço. Agora, quem tem 18 anos ou mais deverá receber um segundo reforço (terceira injeção) quatro meses após o primeiro reforço (segunda injeção). Aqueles com idade superior a 40 anos precisam de um terceiro reforço (quarta injeção), que deverá ser aplicado após o intervalo de quatro meses do segundo.
Como está o calendário vacinal no Rio Grande do Sul?
No Estado, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) segue a orientação do Ministério da Saúde e, de acordo com a pasta, o avanço nas idades pode variar de município para município de acordo com a disponibilidade de doses. A secretaria informa que dispõe de estoque de vacinas para atender às solicitações de municípios, além de manter a vacinação dos demais grupos de acordo com os esquemas preconizados.
Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou nesta quarta-feira (22) um cronograma de vacinação para quem tomou a primeira dose de Janssen. Na próxima sexta-feira (24), pessoas com 55 anos ou mais que receberam a dose de reforço (segunda dose) há pelo menos quatro meses terão direito a receber um segundo reforço (terceira dose).
O cronograma chega até a faixa etária dos 40 anos, no dia 5 de julho. A SMS informou que, após esta data, será reavaliada a quantidade de doses em estoque para que seja organizado um novo calendário que contemple todos a partir de 18 anos. Além deste novo público, a aplicação da segunda dose de reforço (terceira dose) continua mantida para imunocomprometidos a partir de 18 anos.
Por que novas aplicações são necessárias?
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (22), André Luiz Machado, infectologista do Hospital Conceição em Porto Alegre, destacou que, embora estudos clínicos com a Janssen determinassem que uma dose era suficiente para atingir proteção contra formas graves e moderadas da covid-19, novas pesquisas foram indicando um aumento significativo da resposta imune com mais doses, fazendo-se necessárias as aplicações de reforço:
— No segundo semestre do ano passado, um estudo também conduzido no Hospital Conceição, do qual participamos, demonstrou já ali por meados de agosto do ano passado que duas doses apresentavam taxas de resposta imunológica de proteção muito melhores e superiores a uma dose. Naquele momento, então, já começaram as evidências científicas a apontar para necessidade de duas doses do imunizante.
De acordo com o infectologista, o objetivo da estratégia é aumentar as taxas de proteção da população quanto à infecção pelo SARS-CoV-2, uma vez que as novas variantes do vírus apresentam o que a ciência chama de "escape imunológico". Assim, aqueles indivíduos que foram imunizados há mais tempo começam a perder a proteção com o passar do tempo.
Qual vacina devo tomar?
De acordo com o Ministério da Saúde, quem iniciou o esquema vacinal com a dose única da Janssen a recomendação para o segundo e para o terceiro reforço é que sejam usadas as vacinas AstraZeneca, Pfizer ou Janssen. Mulheres que tomaram a Janssen previamente e, no momento atual, estão gestantes ou puérperas deverão utilizar como dose de reforço o imunizante Pfizer, conforme a pasta.
— No caso específico daqueles indivíduos que têm duas doses de Janssen, (a terceira dose pode ser) uma dose de Pfizer, ou de AstraZeneca, mas preferencialmente Pfizer, porque é uma outra plataforma de vacina e o que a gente sabe hoje em relação à intercambialidade, ou seja, aplicar a vacina de ações diferentes, aumenta de forma significativa as taxas de proteção — sugere o infectologista.
Ouça a entrevista:
Produção: Isabel Gomes