Na semana do Dia Mundial do Câncer, celebrada no início de fevereiro, o apresentador Tiago Leifert e a esposa, Daiana Garbina, divulgaram que a filha Lua, de um ano e quatro meses, trata um câncer nos olhos. Chamado de retinoblastoma, a doença, descoberta no grau mais grave, afeta as células da retina, parte do olho responsável pela visão.
Ao trazer a questão a publico, Tiago e Daiana afirmaram que decidiram falar abertamente sobre o câncer da filha como forma de alertar outros pais. E é com esse mesmo propósito que o Instituto do Câncer Infantil, referência no Rio Grande do Sul no acolhimento de crianças e adolescentes com câncer, trabalha a campanha "Repare no detalhe", que incentiva um olhar atento a possíveis sintomas da doença – neste 15 de fevereiro também é celebrado o Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil.
A instituição desenvolveu uma cartilha de orientação a escolas, professores, estudantes e famílias para auxiliar no alerta sobre a doença na infância e adolescência.
— Frequentemente, os sintomas que antecedem o diagnóstico de câncer se confundem com os sintomas de doenças comuns da infância e, por isso, muitas vezes, passa desapercebido até dos médicos — alerta o oncologista Algemir Brunetto, superintendente do Instituto do Câncer Infantil.
De acordo com Brunetto, nódulos, sangramento no nariz ou na gengiva, cansaço extremo, perda de peso excessivo, alteração na visão e febre sem causa aparente podem ser alguns sinais do câncer nessa faixa etária.
— Deve se prestar atenção nos sintomas e sinais naquela criança que permanece com queixas ou dificuldades por longos períodos — explica.
Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de uma resposta positiva ao tratamento e, consequentemente, a cura. Por isso, também a importância de prestar atenção a possíveis manifestações da doença.
Diferentemente do câncer em adulto, os tumores em criança e adolescente são constituídos de células indiferenciadas, o que pode proporcionar uma melhor resposta aos tratamentos atuais.
— O câncer infantil é resultante de uma fatalidade biológica, secundária a mutações em células do material genético. Como efeito dessa mutação, as células afetadas não conseguem se diferenciar como deveriam e permanecem com as características originais de células embrionárias. Fruto dessa mutação, (as células) vão se multiplicando de uma forma descontrolada e rápida. É assim que se forma o tumor – explica o oncologista.
Frequentemente, os sintomas que antecedem o diagnóstico de câncer se confundem com os sintomas de doenças comuns da infância.
ALGEMIR BRUNETTO
SUPERINTENDENTE DO INSTITUTO DO CÂNCER INFANTIL
Segundo Brunetto, o câncer também pode ser efeito de alguns vírus, que podem causar leucemias. Há, ainda, uma minoria de casos de tumores de cunho hereditário, como também algumas síndromes genéticas raras que podem pré-dispor à doença. Entretanto, em um número significativo de casos nessa faixa etária, as causas ainda são desconhecidas.
— No adulto, prevalecem fatores ambientais na origem do câncer, nos hábitos, como por exemplo, alimentação inadequada, cigarro, exposição excessiva ao sol.
Um dos tipos mais comuns de câncer entre crianças e adolescentes é a leucemia, que afeta o sangue e que se origina principalmente por alterações nas células brancas. Outras formas recorrentes da doença são o tumor do sistema nervoso central, o Tumor de Wilms, linfoma, osteossarcoma, entre outros.
Fique atento aos sintomas
- Diminuição da visão ou perda de equilíbrio;
- Febre prolongada sem causa aparente;
- Reflexo branco nas pupilas;
- Dores de cabeça e vômitos;
- Sangramento do nariz ou gengiva;
- Cansaço e palidez;
- Dores nos ossos;
- Caroços no corpo;
- Aumento de tamanho da barriga;
- Perda significativa de peso;
- Dor generalizada sem causa aparente;
- Manchas roxas na pele ou sangramento.
Produção: Isabel Gomes