Um comitê de especialistas médicos dos Estados Unidos, que assessora o governo, votou nesta quinta-feira (16) a favor de recomendar as vacinas anticovid-19 das farmacêuticas Pfizer e Moderna sobre a da Johnson & Johnson (Janssen), devido à sua menor proteção e maiores riscos.
A votação foi unânime (15-0) em apoio à chamada "recomendação preferencial", que se aplica a todos os maiores de 18 anos.
— Eu não recomendaria uma vacina Janssen aos membros da minha família — disse sobre seu voto Beth Bell, professora na Universidade de Washington, referindo-se à vacina da Johnson & Johnson.
— Por outro lado, penso que temos, sim, que reconhecer que diferentes pessoas tomam decisões diferentes e que se estão devidamente informadas, não acho que se deva eliminar esta opção — completou.
Os Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) convocaram a votação depois que surgiram casos mais sérios de coagulação.
Ao menos nove pessoas morreram devido a coágulos com baixas plaquetas ou trombose com síndrome de trombocitopenia (TTS) até 9 de dezembro após a aplicação de cerca de 16 milhões de doses, segundo números divulgados pelo CDC.
Até 31 de agosto foram registrados 54 casos e 36 precisaram de terapia intensiva. Alguns dos que não faleceram tiveram efeitos de longo prazo, como paralisia. O maior risco foi detectado em mulheres entre os 30 e os 49 anos, grupo no qual a taxa de TTS situou-se perto de um por 100.000.
Mas o risco não se limita a este grupo demográfico, pois duas em cada nove mortes ocorrem entre homens. O CDC informou que o número de óbitos pode estar subestimado. Em geral, aproximadamente um em cada sete casos de TTS foi fatal.
Sara Oliver, cientista do CDC, disse a um comitê de especialistas independentes que há várias opções disponíveis para eles, inclusive votar para recomendar contra o uso da vacina completamente.
Mas o comitê de especialistas acordou que a vacina da Johnson & Johnson deve permanecer disponível para as pessoas que por qualquer motivo se recusem a se imunizar com as vacinas de mRNA da Pfizer e da Moderna, apesar de sua maior eficácia e riscos menores.
Além disso, também consideram que fazer uma recomendação contra a vacina da Johnson & Johnson por completo enviaria um sinal negativo a outras partes do mundo, onde pode ser a única opção disponível.
— A vacina contra a covid-19 da Johnson & Johnson é uma ferramenta que salva vidas de pessoas em populações de alto risco — argumentou Penny Heaton, chefe de imunizantes da J&J da área de terapêutica global.
Casa Branca reforça que vacina é eficaz
A vice-secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, reforçou que, até o momento, a J&J segue avaliada como eficaz para a proteção dos cidadãos americanos. A porta-voz garantiu que a administração está pronta para agir caso haja alguma alteração na recomendação pelo CDC.
Jean-Pierre reforçou que o governo continuará a usar as ferramentas que sabe que funcionam, como a alta taxa de vacinação, para combater a pandemia. Até o momento, 71% dos americanos estão totalmente vacinados contra a covid-19 e 83% receberam ao menos uma dose do imunizante, informou a porta-voz.