A demora na liberação de 2,1 milhões de doses da vacina covid-19 da Janssen que chegaram ao Brasil neste mês se dá por conta de uma nova análise realizada pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), órgão ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e responsável por fazer o controle de qualidade dos imunizantes. .
GZH teve acesso a um ofício encaminhado pelo instituto ao Ministério da Saúde no dia 17 de novembro, solicitando o envio de mais 25 frascos do lote de vacinas que chegou ao país no dia 12, com 1,096 milhão de doses. No documento, o INCQS justifica que precisa de mais doses “para que possamos utilizá-lo como complementação para os ensaios analíticos”.
Segundo fontes ligadas ao Ministério da Saúde, as doses a mais foram destinadas para uma análise de esterilidade dos imunizantes, que atesta se as vacinas estão infectadas por outros vírus ou bactérias, por exemplo. Somente esse processo pode demorar 15 dias, o que atrasa os planos da pasta de distribuir as vacinas da Janssen aos estados e Distrito Federal ainda nesta semana.
Além desse lote, amostras de uma outra remessa da vacina, que pousou no Brasil no dia 18 (1,036 milhão de doses), também dependem da liberação do INCQS. De acordo com o instituto, as análises podem se estender por até 20 dias.
O Ministério da Saúde não pode utilizar as vacinas sem o aval do controle de qualidade. Com isso, mais de 2,1 milhões de doses da Janssen estão paradas no depósito da pasta em Guarulhos (SP). Estados e Distrito Federal aguardam o envio dos lotes pelo governo para decidir como as vacinas serão utilizadas em cada localidade.
O Rio Grande do Sul não recebe imunizantes da Janssen desde agosto. A vacina de dose única foi aplicada em cerca de 4,8 milhões de pessoas no Brasil.
Orientações podem mudar
Na terça-feira passada (16), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que os brasileiros que tomaram o imunizante de dose única da Janssen receberiam uma espécie de “segunda dose” da mesma vacina para, após cinco meses, receber uma terceira aplicação, que seria de reforço e de qualquer laboratório.
Uma semana se passou e o Ministério da Saúde ainda não emitiu a nota técnica com as novas orientações para aplicação da vacina da Janssen, o que aumenta os rumores de que a pasta pode voltar atrás na decisão.
Caso isso aconteça, a tendência é de que o governo federal oriente a aplicação de uma dose de reforço da Janssen em quem já recebeu a dose única, sem uma terceira dose posterior.
No último sábado (20), a Janssen Brasil entrou com um pedido na Anvisa para incluir uma dose de reforço na bula da vacina, que possui autorização emergencial de aplicação no Brasil. O laboratório solicitou que o reforço possa ser utilizado em duas situações:
— Na vacinação homóloga, destinada para pessoas que já foram imunizadas com a Janssen;
— Ou na vacinação heteróloga, para brasileiros que tenham tomado uma vacina de tecnologia de RNA mensageiro no esquema primário (dose 1 ou 2) – o único imunizante aprovado no Brasil com essa tecnologia é a Pfizer.