Quando um de seus filhos precisou entrar na lista de espera para um transplante de órgão em 1999, Lucia Elbern decidiu que precisava tomar alguma atitude para ajudar a diminuir a demora daquele processo para as famílias. Foi isso que motivou, em 29 de junho de 2000, a fundação da entidade VIAVIDA, que tem como objetivo promover a doação de órgãos e tecidos no Rio Grande do Sul, incentivando o aumento de transplantes e de doadores.
De acordo com Lucia, o trabalho da entidade começou antes da fundação oficial e contou com o apoio de pessoas que também tinham algum familiar na lista de espera, além do incentivo de médicos e representantes da Central de Transplantes do Estado, que consideravam uma boa ideia promover ações para sensibilizar a população geral sobre a doação de órgãos:
— A fila andava bem devagar e as pessoas não sabiam bem como o processo de doação e transplantes funcionava. Então, os médicos que cuidavam do meu filho acharam que era uma boa divulgação e que era importante para aumentar o número de doadores.
Portanto, o grupo começou a buscar parcerias com instituições e mais pessoas que quisessem trabalhar em prol da causa. Quando a VIAVIDA foi fundada, já havia 23 voluntários atuando. A presidente da entidade explica que, em 21 anos, diversos colaboradores já passaram por lá, sendo que muitos seguem até hoje.
Atualmente, a entidade conta com cerca de 70 voluntários, que atuam em grupos de divulgação da causa, de trabalho assistencial, de captação de recursos por meio de ações beneficentes e de marketing. A VIAVIDA atua principalmente em Porto Alegre, mas também realiza palestras e eventos em outras cidades gaúchas.
A instituição, cuja sede fica na Rua São Mateus, 815, no bairro Jardim do Salso, também realiza a distribuição de cestas básicas para famílias de transplantados de baixa renda e administra a Pousada Solidariedade, inaugurada em 2004 para atender pacientes que são encaminhados à Capital para fazer transplante e não têm condições financeiras de pagar por uma moradia. Desde a inauguração, a pousada já hospedou mais de 7 mil pessoas durante o período de internação hospitalar, prestando 104 mil atendimentos.
Segundo a presidente da VIAVIDA, a pandemia prejudicou o andamento das ações de divulgação e demais eventos beneficentes, que não têm realizados a fim de evitar aglomerações. Além disso, gerou uma queda no número de transplantes e doações de órgãos, o que exigirá uma campanha de conscientização ainda mais intensa.
— Teremos um trabalho muito grande para fazer com que as pessoas voltem a pensar na doação de órgãos como uma continuidade da pessoa que morre. Quando uma pessoa tem morte cerebral, ela tem a possibilidade de salvar muitas vidas, então, é dar um sentido a essa morte — destaca Lucia.
A entidade recebe doações de roupas, alimentos e dinheiro, que é destinado à manutenção da pousada. Informações sobre como fazer uma doação ou se tornar voluntário ou parceiro podem ser obtidas no site da VIAVIDA, pelas redes sociais ou pelo telefone (51) 3333-4519.