Um cartaz logo na entrada informava que apenas 30 fiéis poderiam se acomodar na Igreja Santa Teresinha, no Bom Fim, em Porto Alegre. A informação estava defasada. Nesta segunda-feira (5), com a permissão, dada no final de semana, para as celebrações religiosas com limite de 25% do público em todo o Brasil, o local já poderia receber até cem pessoas.
Ainda assim, pouco mais de 50 fiéis participavam da missa das 18h na Igreja Santa Teresinha, todos usando máscara e espalhados pelos bancos, a uma distância garantida por cordões.
Antes da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques, igrejas e templos da Capital podiam receber até 10% da capacidade, ou no máximo 30 pessoas, segundo decreto do governo do Estado - que seguiu determinação judicial e emitiu novo decreto liberando para 25%.
Segundo a Arquidiocese de Porto Alegre, a recomendação dada às igrejas católicas é de manter o limite anterior até que o plenário do Supremo avalie se sustenta a decisão isolada de Nunes Marques ou volte à antiga orientação, que dava aos municípios o poder de decidir sobre medidas de distanciamento social. No entanto, a Arquidiocese reconheceu que igrejas maiores podem extrapolar o limite de 30 pessoas e abrir as portas para mais fiéis, desde que zelem pela obrigatoriedade das máscaras e do álcool gel.
Saudoso da época em que a Santa Teresinha recebia cerca de 800 fiéis por missa, o frei João Mandelli entende que havia um desequilíbrio na regra anterior: para ele, 30 pessoas podem ser um número limite para uma capela, mas cabem com folga num espaço como o da igreja ao qual é ligado por mais de três décadas.
— Depende do tamanho da igreja — pondera.

Mesmo num espaço amplo como o Santuário Santo Antônio do Pão dos Pobres, na Cidade Baixa, que podia acomodar cerca de mil pessoas antes da pandemia, não havia mais de 30 para a missa de fim de tarde desta segunda-feira. Todos usavam máscaras e eram convidados a higienizar as mãos com o álcool gel depositado nos recipientes logo na entrada.
Já na Igreja Pentecostal Deus é Amor, no bairro Floresta, havia um cuidado além dos cordões de distanciamento, das máscaras e do álcool gel: um fiscal na porta do templo media a temperatura pelo pulso. Cerca de 70 pessoas celebravam o culto no fim do dia, público superior ao visto nas igrejas católicas, mas distribuído em um espaço maior.
Segundo o pastor Ismael Mendes, a igreja respeita os 10% da capacidade do público — nos tempos áureos, o templo recebia até 4 mil fiéis, acomodados nos bancos e mesmo em pé.
— Nós vamos seguir o decreto. Seguimos à risca. Não queremos comprometer a saúde das pessoas — disse o pastor.

Tanto nas missas quanto no culto, padres e pastor eram os únicos que não usavam máscaras. Mas estavam distantes do público, no púlpito. Ao entregar a hóstia nas mãos dos fiéis, o padre que celebrava a missa no Santuário Santo Antônio do Pão dos Pobres colocou o apetrecho, esfregou as mãos com o álcool gel e se aproximou das pessoas para consagrar a comunhão.